terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Feliz bêbado novo!

Bêbado é feliz! Aliás, eu bêbado sou feliz. Quando beberico infindáveis goles de qualquer substância alcoólica torno-me mais animado do que antes. Não que eu não seja animado, eu até sou, mas quando bebo, fico mais. Bêbados são hipócritas também. Usando-me como exemplo, sou hipócrita quando bebo, abraço pessoas que não gosto, cumprimento outras que não gostam de mim, mas torno-me um cínico bêbado.
É contagiante a efusividade de um ambiente onde só há bêbados. Gritos, brados, ponderações, filosofias e uma séria de chingamentos (que bêbado normalmente vira macho). Há pouco tempo entendi que não gosto muito de beber até ficar bêbado, gosto sim é de desfrutar do suave douro de um chope, ou beber uma cerveja uruguaia com os amigos. Isso é bom. Um vinho no inverno ao lado de uma boa companhia, arrebatando a noite com muita libidinagem. Isso sim é coisa boa, ficar bêbado não.
Tão cínico quanto um bêbado, ou quanto eu bêbado, é o ano novo. Esse sim é um hipócrita de meia tigela. Faz juras ao que passou e promete ser melhor no que virá, mentira! É tão mentira quanto a integridade no senado. O ano velho, que chega ao fim, é um pobre bode expiatório, e o ano que está por vir é a válvula de escape da humanidade.
Todo mundo quer o ano novo, todo mundo espera que seja diferente do ano que chega ao fim, esquecem-se de que ele é sempre igual. O ano que virá, escute bem, será igual a todos os outros que já passaram. Alegrias e tristezas, dinheiro e pobreza, amores e desamores, tudo igual. Todo os anos são assim.
É hipocrisia desejar um feliz ano novo, por que é possível que eu nem goste de ti, e como não estou bêbado, não faço questão te desejar tudo de bom. Se eu te encontrar depois da comilança e das dúzias de champagne, venha falar comigo, pois aí eu te desejarei tudo de bom.
O ano novo será igual, e é utopia achar que ele será melhor ou pior. Agora uma coisa é certa, quero que o ano novo seja novo, e sendo assim, espero que seja diferente dos outros anos. Ah, quer saber, quero mais é que o rabo de todo mundo pegue fogo, ao inferno com utopias, hipocrisias, e com o bom português. Feliz 2011 a todos, e isso me inclui. Que nos encontremos mais vezes no próximo ano, e que ele seja melhor do que o que já passou.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Roubo do Sofá (parte quatro)


Em maio de 2009 dei início a uma série de contos intituladas: “O Roubo do Sofá”, fiz três capítulos da história e a abandonei. Hoje resolvi dar continuidade à história cujo início se faz presente nesse humilde blog, através do link: http://ah-poiseh.blogspot.com/2009/05/o-roubo-do-sofa-parte-1.html
Se quiserem conferir, fico contente.


- Acontece, meu bom rapaz, que a Denise sempre foi uma invejosa. Não admitia que eu, por ser alemã, fosse melhor sambista do que ela, que é negra. Dizia que eu anabolizava-me e por isso tinha tanta resistência. Fato é que no carnaval de 1971, Arroio Teixeira fez uma festa de carnaval estrondosa, da qual eu fui a rainha. E Denise naquela ocasião tentou assassinar-me. Era uma ordinária bandida aquela neguinha- começou Tia Rosmarie.
Quando a confissão de uma tentativa de assassinato foi feita, todos embasbacaram-se na sala. Denise havia tentado homicidar a Tia Rosmarie e isso não era algo bacana. Seria Denise a culpada pelo roubo do precioso sofá?

Rosmarie não tomou conhecimento de nossas caras de pavor e seguiu:
-Não que eu tenha me abalado quando aquela safada botou limão na minha capirinha, mesmo sabendo o quão alérgica eu era à fruta referida e ainda por cima alegou ter esquecido-se do fato. Aqui pra ela - nesse momento Tia Rosmarie bateu com a palma da mão esquerda em um orifício que ela mesma havia feito com o dedo indicador e o dedão da mão direita, como quem diz “pissa pra ela”, ato esse que mostrou o quão Tia Rosmarie era safadinha.

Teixeira interviu:
-Eu lembro disso, mas se não me falha a memória, ficou comprovado que a senhora havia simulado um mau súbito e que na verdade nem era caipirinha que tomava e sim uma bela de uma cerveja preta, Tia Rosmarie.

-Teixeira, seu velho cretino. Não fale coisas que não sabe. Acusaram-me de ter simulado, mas só eu mesma sei o que passei por causa daquela velha medíocre. E quer saber mais, vocês não estão me ajudando em nada. Apenas estão revirando um passado doloroso para mim. Ponham-se daqui para fora- gritou a velha empunhando uma empoeirada espingarda de tiros de sal que jazia escorada na parede até então.
Saímos sem pestanejar, pois todos sabíamos que Tia Rosmarie não esbanjava sanidade.

Sem o depoimento preciso da Tia Rosmarie, não teríamos como resolver o caso. Nos restava agora ir atrás do relato da Dona Denise, que poderia dar contundência às nossas suspeitas de que ela poderia estar por trás do sucedido. Encaminhamo-nos ao bar e quando lá chegamos, avistamos Monalisa correndo velozmente praia a fora, sem que ao menos no olhasse.
O bar estava fechado, mas quando chegamos mais perto, encontramos um bilhete amassado e embebido em água e areia molhada. Hermenes, que até então pouco havia aparecido na história, abaixou-se vagarosamente para junta-lo e quando o fez, desdobrou o papel com a mesma calma que usava para galantear suas fêmeas. No papel havia os seguintes dizeres:

“Se querem pistas, vão ao casarão”

...escritas numa caligrafia sem vergonha.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Caixinha preta de sentimentos

Lembro-me que na infância me intrigava o funcionamento dos mecanismos de uma televisão. Eu imaginava seres da velocidade da luz e do tamanho de bonequinhos de forte apache entrando naquela pequena caixa de plástico preta enquanto eu gozava de um belo sono, ou ocupava-me com outras alegrias da vida mirim.
Mais de uma vez pensei em lançar um tijolo ou martelar a tela de vidro quebradiça da caixa preta que continha as miniaturas. “Como pode eu ter a Angélica dentro de uma caixinha em casa e não poder conversar com ela, ou tocá-la”, eu pensava. Pensamentos puros, é bom que se diga, pois eu ainda era uma criança. Fosse hoje talvez eu não falasse da Angélica.
Não lembro quando descobri que a tevê não era uma caixa de brinquedos, mas devo ter me frustrado, pois descobertas assim, ferem nosso imaginário, é como quando dizem que o Papai Noel não existe. Algum gaiato sempre diz que o Papai Noel não existe e que a tevê é um aparelho eletrônico. Sempre tem alguém para estragar a brincadeira.
Ou roubam a bola em pleno campinho de futebol, ou espiam no no esconde-esconde, há ainda uma série de outras coisas que definem aqueles que não sabem brincar. Há pessoas assim! Do tipo que não sabe brincar, e não feliz com isso, ainda resolve entristecer a brincadeira dos outros.
O Natal Luz de Gramado é um exemplo. Começou nas sarjetas de uma cidadezinha meia boca, com meia dúzia de hortênsias e um padre. Começou sendo uma festinha tão meia boca quanto a cidade que o abrigava. Mas cresceu, bem como sua cidade.
Cresceu em 25 anos como cresci eu a ponto de não acreditar mais nas miniaturas da tv. Cresce e desfaz-se de uma criança, tornando-se um homem e que belo homem se torna. Capaz de sustentar-se com suas próprias pernas. Capaz de escolher seu rumo sozinho, mas sempre consultando àqueles que o querem ajudar, é assim a vida de um homem grande.
O acusam agora e balançam com a sua moral, mesmo os homens bonitos são acuados quando lhes desmoralizam e assim é. A mim, mesmo não sendo bonito, se ofendem, eu vou embora. Viro as costas e bato em retirada, não fico onde não gostam de mim. Talvez o Natal Luz não pense assim, e eu espero que não pense.
O fato é que se o cérebro do Natal Luz não pensa assim, me parece que o coração dele, outrora e por muitos anos ainda, espero, chamado Peccin, pensa o contrário. O sentimento não esconde-se atrás de enfeites de Natal, e sim é exposto e gera reações.
Dentro de um emaranhado de imposições ou opiniões há quem defenda a posição de um ou de outro e eu respeito todas, mas tenho a minha. O Natal Luz de Gramado é o que é graças a Luciano Peccin e sua família. Não há poréns ou pormenores. É assim.
Não condeno qualquer um que seja que por ventura questione a formatação de um evento, porém, há informações pouco pertinentes correndo na rua. O evento é público sim, mas com verbas de incentivo privado. Com verbas de patrocínio. O incentivo público ao evento, se dá na mão de obra e na participação dos lucros.
Assim como na realização de qualquer evento, há prestação de contas e não é cabível aceitar que digam o contrário. Durante o evento, em um dia qualquer abram o jornal e perceberão que ali, como em um passe de mágica estará uma planilha de duas páginas do jornal inteiras contendo os números do evento.
Licitação tudo bem, há de ser feito e aí concordo de fato. Mas não acho cabível pessoas sem conhecimento de cause julgarem sentimentos e os exporem como se psiquiatras mais eficientes do que o próprio Freud fossem. Ninguém pode terceirizar sentimentos. Cada um sente o seu. Pessoas que apontam sentimentos assim, só podem achar que lá dentro da televisão ainda estão as miniaturas dos dias passados.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quem foi rei...

Artur foi, e tenho lido sobre isso, um grande homem. Alguns não saberão de que Artur eu falo aqui, pois não o reconhecem sem um prefixo comum na prescedência do nome do homem, Rei. O Rei Artur, que não foi rei, mas foi Artur.
Não foi Rei e explico o por que. Ele na verdade, tomou as rédeas de um país, quando seu rei verdadeiro ainda era uma inocente criança aguardando a vinda da maturidade. Nesse período, Arutr comandou, mas não foi rei. Ao menos até onde me consta. O que acho bárbaro, e fascinante em sua história, porém, não é só o fato de ele não ter sido rei e assim ser taxado, mas sim o fato da forma como é contada a sua história.
Lendas e histórias infantis falam de uma espada encravada em uma pedra e cujo destino a permitiria ser desestocada dali apenas por um homem nobre de peito e alma, ou seja, seu verdadeiro dono, que por um acaso vinha a ser o dito cujo Artur.
Há alguns dias li o primeiro livro de uma trilogia que conta a história de Artur em detalhes, narrado em uma terceira pessoa, que segundo o livro seria um dos maiores cavaleiros de Artur e não, esse cavaleiro não é Lancelot e aí eu chego onde queria chegar. De acordo com o personagem narrador do Livro, escrito pelo grande Bernard Cornwell, Derfel, o nome dele, ele sim era um grande guerreiro, enquanto Lancelot era um covarde frutinha.
Sim, de acordo com o livro, Lancelot era apenas um medíocre, filho de um rei sem reino, pois o pai de Lancelot, Ban, foi destronado em meio a uma guerra com os saxinônicos, e não lutava, apenas fingia. Isso mesmo, fingia que lutava. Os bardos cantavam suas sagas dignas de Homero, pois ele os pagava. Encomenadava histórias a serem contadas, criando assim uma fama de herói. Lancelot virou um machão galanteador, um protótipo de Don Juan da Idade Média, quando na verdade era um franguote meio que afeminado. É o que diz o livro.
O que me instiga são esses “poréns” da história e não só da história do Artur, mas sim da história geral. Os pormenores de todas as histórias. Admiro-me com o fato de algumas histórias serem tidas como verdade absoluta quando todos sabemos que na verdade não são. É impossível se perpetuar uma história como ela realmente foi ao longo do tempo. Relatos podem conter verdades, mas podem ocultar outras. Por vezes, involuntariamente, por outras, da maneira mais proposital possível. Quer um exemplo?
A estátua de Moisés feita pelo Michelangelo tem guampas. Sim, tem guampas e alguns dirão, “mas é um arigó esse Ricardo. Tá na Bíblia, é só olhar e ver que diz lá que ele tinha gumpas”, mas não, ele não tinha guampas. Qual o tipo de homem que tem guampas? Não refiro-me ao figurado. Mas enfim, Moisés não tinha guampas. Ai alguns pensarão que então quem escreveu tal citação, das gumpas de Moisés, devia ter tomado ácido ou qualquer outra droga para que dissesse que o pobre homem era chifrudo, mas eu explico o fato. Por uma ou duas palavras de diferênça, na hora em que a passagem foi traduzida do Latim, a conotação da mesma sofreu uma significativa mudança. “O rosto iluminado pelas luzes celestiais”, a frase dizia em sua língua original. “Carregava chífres na cabeça”, a tradução.
Um segredo se esconde atrás de outro segredo e é por isso que eu não sou o maior cristão do mundo. Outrora já externei minha opinião de que acredito em uma força que rege o Universo, sim. Mas não que ela vem exclusivamente de um lugar só.
Não se pode crer em uma meia verdade, ou numa história sem argumentos científicos que comprovem essa sua vercidade.
Uma vez ouvi de uma amiga que é aí que entra a questão da fé. Quem crê, é por que quer e por que tem fé. E eu, apenas avalio que posso não ter fé em muitas coisas, mas no Renato Portalupppi eu tenho. Isso por que, Renato é um mito real. Daqueles que se vê surgir e não se vê perder a graça.
Saiu de dentro do campo, porém, não sai do futebol, é daqueles que segue sendo um mágico das quatro linhas. Tirou o Grêmio de uma situação complicada e vislumbra logo ali a frente, uma vaguinha na Libertadores da América do ano que vem.
Isso sim é ser rei, um rei como Artur, cujo adjetivo é totalmente figurado, porém, a magnitude do que esse homem significa, certamente entrará para a história, como outrora já entrou com as cenas de Tókio.
Contudo, espero, porém, que Renato, assim como Artur, não seja um rei que apenas esteja esperando a chegada de outro para ceder seu lugar ao sol, ou ao trono. Renova Renato.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

No elevador

A encontrei no elevador, como sempre encontrava:
-Bom dia, dona Orlanda?!
-Bom dia, meu jovem! Como tem passado?
-Muito bem! E a senhora o que conta?
-Pois então, ia mesmo ter com você, pois acho que meu chuveiro está estragado. Poderias ir concertar, ou tens outros afazeres?
-Ih dona Orlanda, o melhor seria a senhora chamar o seu Nelson, o sindico, pois eu não entendo nada de eletricidade, sou contador.
-Não és o Nelson?
-Não.
-Onde ando com a cabeça, meu bom Deus?
-Ah, dona Orlanda, essas coisas acontecem, a memória vez que outra também me falha.
-Sim, acho que esse não é um mal só da velhice, mas que é um mal, isso é inegável. Sabe que outro dia,valei-me meu São Jorge, eu pensei ter ouvido alguém tentando arrombar a minha casa. Quando aproximei-me do barulho que percebi que era o gato que eu tinha esquecido esquecido dentro trancado em meu quarto.
- Não sabia que tinhas um gato.
- É verdade!, eu não tenho!
- Então de quem era o gato?
- Que gato?
- Esquece.
- Falávamos de que? Sabe que tenho uma memória muito boa, mas devo ter comido alguma coisa que não fez bem aos meus neurônios. Devem ser o hormônios da carne de frango.
- Pode ser, dona Orlanda.
- Sabes que ontem sentei-me para ver o noticiário na TV Tupi e me surpreendi em saber que devemos em breve entrar num regime totalitarista e militar. Não sei se seria bom o Getúlio ganhar essas eleições.
-Dona Orlanda, estamos entre Serra e Dilma.
- Serrar quem? Mas como eu ia falando o gato!,sim esse animal safado, deve ser da Odete, minha vizinha, ela sempre criou esse bicho solto.
- Ah, pode ser. Olha só, dona, Orlanda, cheguei no meu andar, passe bem.
- Mas escuta!?
- Diga.
- E o meu chuveiro?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A cura misteriosa

Há tempos que o meu pai não conta mais a história do velho e o remédio; é boa aquela história, eu gosto de ouvi-la, aliás, meu pai tem boas histórias, mas a do velho e o remédio tem algo especial, me parece que o misticismo que a cerca é que é fantasioso e mexe com a minha imaginação. Jura o meu pai que a história é real, mas ele sempre jura que as histórias são reais, de qualquer forma relatarei-a:

Meu pai sofria de uma enfermidade qualquer, porém, que assolava-lhe as entranhas e o estava prejudicando deveras. Médicos não conseguiam definir com analises qual era o problema do meu progenitor. Exames e mais exames foram feitos e o meu pai nada descobria. A dor acertava-lhe o fígado, ou algum outro órgão qualquer.
Meu pai é um homem de viagens, está sempre em algum outro estado ou país, trabalhando. Numa dessas viagens tudo aconteceu.
Era na Argentina, ou no Uruguai, não tenho certeza, mas meu pai recolheu-se em seu leito do hotel, para descansar após o dia repleto de labuta. A dor tornava-se lancinante enquanto meu pai cerrava os olhos deitado em sua cama. Algo de ruim estava acontecendo.
Eis que meu pai tentando fugir da dor, concentrou-se nos sons ambientes e ao longe entonavam-se os toctocs de um sapato nos corredores do hotel. O toctoc foi se aproximando até avizinhar-se e chegar acompanhado de um outro “toc-toc”, dessa vez uma mão batendo na porta do quarto que meu pai estava.
“Quem será a essa hora de noite?”, pensou meu pai aturdido. Mesmo assim, ergue-se da cama e rumou em direção à porta. Ao abri-la, deparou-se com um senhor barbudo, com um ar místico portanto uma maleta. Antes de meu pai pensar em perguntar-lhe quem ele era e o que queria o nobre mago lhe falou:
- Mi amigo, Ricardo (somos homônimos, meu pai e eu). Yo vaya a ayudarle. Trago conmigo una poccion que te curará. Beba esta noche y vay a estar bien. - disse ele entregando a maleta a meu pai, que embasbacado a recebeu e deixou o velho partir sem nada conseguir dizer.

Ricardo Pai, em princípio não tomou conhecimento do que o velho lhe dissera e tornou a deitar-se, ainda sentindo dor, porém, conseguiu adormecer e um sonho veio-lhe a mente.
Meu bisavô, ou seja, o vô do meu pai e pai do meu vô, que já estava falecido há uns bons anos, dizia-lhe para aceitar o remédio que ele tinha mandando para meu pai. Que só assim ele esse curaria. O sonho tomou proporções surreais e meu pai acordou suando frio.
Logo saltou da cama abriu a maleta, empunhou o frasco da poção e tascou um único gole, seco, acabando com seu conteúdo. Feito isso, voltou a dormir e a dor nunca mais o incomodou.

Essa história não tem muita relação com nada de humano, afinal de contas é uma história tomada pelo mágico, pelo inacreditável, mesmo que, segundo meu pai, ela seja completamente verídica. Mas é impressionante o quão a alma humana sofre influência do subconsciente. Meu pai ouviu seu vô em sonho e tomou a poção do velho mago, que o curou. Me parece coisa psicológica, mas não sei bem o por que.
Eu por exemplo, sonhei na última noite com umas casa cujos números eu lembrava-me mesmo de manhã, após acordar. Eram quatro números, porém, duas dezenas e eu logo pensei: “vou jogar na Mega Sena”.
Joguei, e perdi. Acertei apenas duas dezenas. Adivinha quais foram?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Is this love

Acho que nunca falei aqui como as músicas do Bob Marley me afetam. Não que afetem em suas letras, fortes e engajadas, não que afetem aquelas na qual ela narra seu amor por Martha Marley. Não é isso que me afeta nas músicas dele. Tenho afeto sim, pela liberdade musical do Bob, pela filosofia sonora que ele proporciona. É uma mistura de violência verbal com a paz espiritual, uma verdadeira miscigenação do profano e do sagrado. Eu adoro Bob Marley.

Penso em verdades as quais Bob escracha em suas músicas, como quando ele diz: “Until the color of a man's skin is of no more significance than the color of his eyes, me say war”. Que traduzindo para o bom português quer dizer que enquanto a cor da pele de um homem for mais importante que o brilho que ele tem no olho, haverá guerra. O que de mais puro pode haver do que isso?

Sim, puro. Essa é o adjetivo que melhor define o rei do reggae. Sei que haverá contestação nisso e sei que um ou outro gaiato vai gritar: “é um maconheiro esse Bob Marley”. Ao que eu replico, dizendo que quem de o pune ou o julga por isso, nada conhece do RastaFari e deve manter-se calado.

A tranquilidade está expressa diretamente nos reggae music que ele nos trás. Eu posso passar horas e horas sozinho, ouvindo suas belas canções e viajando, sem a ajuda de qualquer tipo de erva. Penso nas músicas do Bob como ele mesmo fez questão de dizer: “O reggae foi feito para se sentir. Se você não o sente, não o entende”.

As músicas do Bob Marley são libertadoras. São músicas que apaixonam, músicas que ternam, músicas que incitam, que excitam, que choram, que sorriem, as músicas do Bob Marley são exatamente iguais ao sentimento que tenho pela dona do meu coração.

Sentimento esse cuja profundidade há tempos já me perfurou a pele, e agora está ali, passeando pelos escaninhos do meu coração.
Como diz a música: “is this love, my brother, is this love”...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Milagre de Natal

Enquanto o Natal não chegava, ela esperava ansiosamente. Era agosto quando avisaram qual o presente que ganharia no dia festivo e desde então, não coubera em si tamanho o entusiasmo, sem dúvidas seria o melhor presente que ela receberia na vida.
Seu quarto, desde então, fora seu melhor amigo, nele refugiava-se isolada, já ensaiando as ações do presente que em breve chegaria. Imaginava companheiros, afinal de contas, tal qual seu presente, não estava sozinha ali, mais 32 pessoas estavam com ela, e isso a confortava.
Do quarto saia apenas para ir para a escola. Sua mãe já estava preocupada, desde que a filha soubera, ficara assim, diferente. Era normal, afinal de contas, não era um simples presente, era o melhor presente que ela receberia na vida, mas mesmo assim era preocupante.
Os dias passavam devagar, arrastando cada segundo. Cada hora alongava-se por uma eternidade, e por mais que houvesse em sua voz, segurança, no escaninho mais reservado de seu âmago, temia que fosse tarde, ou que o tempo parasse, e o presente não viesse mais.
Certo dia, na aula fizera um texto: “Meu Presente de Natal”, era o nome. Texto esse, que deixou claro para toda turma que ali estava uma sortuda, ninguém ganharia um presente como o dela. Jamais ganhariam, em tempo nenhum.
Já era novembro, os colegas haviam esquecido, mas em sua memória estava fresca a lembrança do Natal. Não aguentava mais a espera. Queria seu presente e queria agora. As lágrimas de fúrias, as lágrimas da espera, brotaram-lhe na face, mas com um simples afago e o seguinte dizer: “mais um mês, minha filha, mais um mês”, sua mãe a acalmou.

Dezembro chegou! Finalmente dezembro chegou. O dia 24 se fazia radiante e ela tremia enquanto esperava na porta o presente chegar.
A testa enrugada, as sobrancelhas baixas, demonstravam que a espera mais uma vez a irritava, mas aquele era um dia de alegria. Depois de muito tempo ele voltaria, depois de toda a espera, dali a minutos ele estaria ali.

O momento chegou. Ele cruzou a porta sozinho, não era o que ela esperava, estava mais magro, machucado, mas ainda assim abaixou-se e com um sorriso enorme no rosto a abriu os braços esperando que ela corresse e fosse o abraçar. Ela o fez. O abraço durou minutos, mas em sua essência equivaleu a todo o tempo de espera. Mais uma vez as lágrimas vieram. Dessa vez a inundaram a face, e a de seu presente.


Terminado o abraço, o presente a olhou fundo nos olhos e disse: “minha filha, que saudades!”.
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MILAGRE NO CHILE
Resgate previsto para o Natal
Ontem, os mineiros começaram a receber alimentos e remédios por um pequeno duto
Passada a euforia da descoberta de que estão vivos os 33 mineiros há 19 dias presos numa mina perto de Copiapó, no Norte do Chile, começa o longo período de resgate, que pode ser concluído perto do Natal.

Para manter os trabalhadores vivos e em bom estado de saúde até lá, começou ontem uma operação para enviar alimentos aos trabalhadores, que resistem a aproximadamente 700 metros abaixo da superfície, num ambiente sem luz a 33ºC.

O único ponto de contato dos mineiros com os socorristas é um pequeno duto, pelo qual foram enviadas, em um cilindro, pequenas doses de água junto a um medicamento para revestir o estômago e um manual de instruções para sua ingestão. Também serão enviados alimentos em forma de gel, junto a outros utensílios importantes, como lanternas e um pequeno equipamento de comunicação. Foi estabelecido um sistema de comunicação com o grupo, pelo qual se informou que todos os trabalhadores estão bem, com exceção de um que sofre de problemas estomacais.

“O processo de alimentação deve ser muito cuidadoso. Os produtos deverão ser enviados pouco a pouco”, explicou o ministro da Saúde, Jaime Mañalich.

Junto com o drama do confinamento está a longa tarefa da retirada do grupo. O coordenador das equipes de resgate, André Sougarret, informou que será utilizada uma máquina de perfuração vertical de origem sul-africana, similar à utilizada para fazer o pequeno duto de comunicação. (Zero Hora-25.08.10)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O profeta Eli

Estou intrigado com a popularização que tomou o fim do mundo. Tornou-se banal comentar que o mundo está no fim, que em 2012 tudo terminará, como disseram os maias. Hollywood é uma verdadeira nascente apocalíptica. Hoje em dia é mais comum se falar no fim do mundo, que fazer filmes sobre a Guerra do Vietnã. Todo mês eu olho um filme novo que termina com o mundo, ou coloca as pessoas em uma era pós moderna, remetendo apenas à existência e sobrevivência.

Chega a ser cômico pensar que os rumores sobre o fim do mundo podem ser certos e a cada dia que passa me conforto mais com a idéia. Em outra ocasião propus que terminássemos mesmo com o mundo, para que ao menos a história pós-nós ao menos fizesse referência de uma geração sem qualidades. Ainda que questionado e repudiado com tal opinião, continuo pensando assim, o fim chegará, cedo ou tarde, nos resta apenas saber se estaremos no passado quando chegar, ou se seremos contemporâneos ao fato.

Deveras me intriga a possibilidade de uma realidade arrebatadora. Se o mundo acabar, ou se a raça humana impura, ignóbil e débil, acabar, dela restará farelos e vestígio, sem dúvidas, afinal de contas sempre ouvi falar no ditado: “vaso ruim não quebra” e esses poucos 'afortunados', se verão ante a um duelo vital, o qual citei no começo desse texto: a luta pela sobrevivência.

Se restarmos após um explosão, um meteoro, uma guerra, um sopro do lobo mal, que seja voltaremos aos primórdios, onde o homem era nada mais que um selvagem em busca de alimento, água, reprodução e sobrevivência. Se restaremos será só isso. O fim de uma era e o reinício, baseado na falta de tudo.

Final de semana olhei mais um dos filmes que olho sobre o fim, chamado “O Livro de Eli”. Olhei mais pelo ator, Denzel Washington, que pelo filme. Não li a sinopse, não fiz nada, simplesmente quando se tem esse negro na capa, pode acreditar que o filme é bom. Sem dúvida um dos melhores atores do cinema mundial.
Mas não vem ao caso, o que interessa é que olhei o filme e gostei. É um filme que fala sobre o fim dos tempos após uma guerra e o rompimento (esse já anunciado) da camada de ozônio, levando o que restou da humanidade ao caos. No filme, Eli (Denzel) é o guardião de um livro disputado por poderosos dos novos tempos. Segundo todos, o livro contem um segredo arrebatador e que ensinaria a humanidade como viver.

No desenrolar da trama o livro revela-se a Bíblia, de fato contendo um segredo para o recomeço, afinal de contas, todos sabemos que a Bíblia "criou" o mundo pela primeira vez e aqui já expus que não sou um defensor da religião nem da igreja, mas concordo com o fato de a Bíblia iniciar um novo ciclo quando o quase fim chegar.

Há o valor sentimental e puro da Bíblia, que qualquer livro de auto ajuda não tem e nele pode estar presente, pelo menos, uma nova maneira de se começar. Uma nova maneira de se viver e de respeitar. Não gosto de religião, mas respeito à Bíblia e penso em suas verdades (que não vejo como muitas), porém, se o mundo as ouvissem, os tempos seriam melhores, sem dúvidas.

Coube a Denzel Washington, no filme, ser o Noé do dilúvio, e recomeçar, porém, dessa vez em busca de outros valores.

Meu blog não é crítico de cinema e todos sabem. Porém, a pouca inspiração levou-me a falar sobre esse filme. Pensei em escrever sobre ele, após ouvir uma frase proferida pelo Eli (já sou intimo), durante uma cena.
Uma jovem que nascera já na nova era, quando mundo não era mais verde, e as pessoas se matavam e grande canastrões comandavam os oprimidos, ou seja, quando o mundo era quase igual a hoje em dia, porém, sem hamburges e coca-cola, perguntou a ele como era o mundo antes e ele respondeu: “as pessoas tinham tudo a mais do que precisavam”.
Entre outras coisas, essa frase me chamou atenção e resolvi fazer esse texto só para expô-la.
Mais uma vez a proferirei, como um mantra, como uma benção, como um ensinamento, prestem todos atenção, vocês, dois ou três leitores do meu blog, quem sabe criemos um novo mundo daqui pra frente:

“AS PESSOAS TEM TUDO A MAIS DO QUE PRECISAM”

quinta-feira, 5 de agosto de 2010




Se eu fosse poeta, diria que a neve deslizou pelas paredes verticais celestiais, debruçando-se, então pelo verde, tornando-o branco e levando àqueles que a aguardavam, entusiasmo ou um pitada de esperança.
Não sou poeta e digo que nevou e quando lê-se em determinados lugares: Foto-divulgação Prefeitura de Gramado, entenda que o fotógrafo responsável fui eu.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A escola americana

Nem faz tanto tempo assim que saí do colégio. Lembro-me ainda de uma série de coisas dos meus tempos de aluno pouco comportado e muito comunicativo. Não lembro-me só do que eu fazia, lembro-me do que outros faziam e vez que outra me vem a memória coisas que marcaram minha passagem de muitos anos pelo Colégio Estadual Santos Dumont, onde estudei.

Não pouco efusivo que sempre fui, acabei por inúmeras vezes, diria que milhares, sendo repreendido por professores ferozes com seus apagadores empunhados, direcionando a mim o dedo em riste, e punindo-me com injúrias debeis, as quais em determinadas situações eu não conseguia defender-me. Outra vezes, porém, eu defendia-me e me saia tão bem que quem ficava com a voz embargada eram os professores. Mas que fique claro que eu nunca fui a voz ativa, apenas defendia-me. Professores são nervosos quando querem.

Os tempos de escola me despertam saudosismo, um dos muitos minutos de nostalgia que tenho, remetem-me a eles, quando posso afirmar que eu era feliz. Muito feliz, por sinal. Dos amigos tenho saudade e até de algumas matérias e outros professores que não os que me ameaçavam com sua arma característica, um ataque de apagador.
O que percebo atualmente é que não aproveitei os meus tempos de estudo aprazivelmente.

Livrei-me do conhecimento adquirido assim que saí da escola e despejei-no em um frasquinho vazio que tinha e resolvi que dali pra frente só alguma universidade me traria o conhecimento definitivo. Me arrependi.
Universidades até nos trazem conhecimento, se não fosse a estimada professora Evely, de Redação II e III, possivelmente eu nem estaria escrevendo esse texto. Ali aprendi a esmiuçar-me em um português um pouco mais rebuscado, ainda que -por culpa minha – não seja um belo português. E com a querida Evely aprendi a montar parágrafos corretos, esquecendo os rodeios e as enrolações. Aprendi a manter o foco em um assunto e não mudá-lo mesmo que minha mãe seja ameaçada.

Sim, de fato aprendi isso tudo com a Evely, aprendi mas não uso. Não uso e nesse texto mesmo não usarei, por que o assunto que tenho a falar é outro, e até aqui só enrolei, fiz rodeios e agora vou mudar o foco. Me desculpa Evely.

O fato é que da época do colégio me lembro de alguns malandrinhos que aproveitavam-se dos menores para conseguir coisas. Em inúmeros casos aproveitavam-se para safanar umas moedinhas, ou tomar-lhes o enroladinho de salsicha que tinham na mão. Sempre foi assim, maiores aproveitando-se dos menores. Hoje em dia isso é bullying, há cinco anos era safadeza.

Fato é que nada diferente disso faz o Tio Sam. Desde que tornou-se um poderoso país, os Estados Unidos da América usurpam dos menores, praticando bullying com os vietnamitas, com os iraquianos, com os afegãos, com os coreanos... como metade do mundo. Tudo começou com os infelizes pele vermelha, que tal qual no Brasil, é bom que se diga, foram excomungados de sua própria terra.

Petróleo, armas de destruição em massa,...resumidamente o poder. Sim, isso vale mais que moedinhas ou um enroladinho de salsicha, mas mesmo assim é exploração aos menores. Os Estados Unidos da América estupram terras cujos donos são mais vulneráveis. Digo mais, os Estados Unidos da América são sempre o professor com o apagador em punho, preparado para ameaçar o aluno. Vez que outra encontra resistências como a de Sadam Hussein, como a minha resistências no colégio. Ambos, Sadam e eu nos demos mal, ele na forca e eu, na maioria das vezes, na direção do colégio. O que fica de importante é que no fim das contas, dizem os jornais que as tropas americanas reduzirão em 20mil seu número no solo iraquiano, mas ainda assim permanecerão lá 50mil homens como segurança.

Quiçá os 50 mil homens que lá ficarão serão apenas os responsáveis pela ordem, por ouvir a voz do povo, por responder pelos anseios daquela gente. Pensando bem, quiçá os 50mil homens sejam o grêmio estudantil iraquiano.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Perseu, o malvadão

Não é de hoje que se propõe uma reforma administrativa no gabinete dos deuses. Desde sempre houve quem contestasse a autoridade divina e houve margem para debates lógicos e até para guerras. Há muito, quando nem a Hebe não havia nascido, menos ainda Ana Maria Braga, existiu Perseu.
Perseu era um filho bastardo de Zeus, é o que dizem. Zeus, safadjeenho que era, resolveu que iria dar umazinha com a filha mortal do Rei de Argos, e assim fez. Entrou no palácio do Rei de Argos disfarçado de uma chuva dourada e deleitou-se nos braços da filha do rapaz.
Quando o Rei de Argos descobriu o feito, deu-se conta de uma profecia que havia sido contada, a qual dava conta de que seria morto pelo seu neto, então baniu tanto sua filha quanto seu “netinho” e colocou-os em uma caixa que atirou em alto mar, decerto pensando: “eu sou mau e vou matar o filho de Zeus, muahaha”. Sim, ele de fato tentou, mas não conseguiu.
Não conseguiu por que a caixa desembocou em uma navio do pescador Díctis, que o acolheu e criou Perseu como seu próprio filho. A mãe de Perseu morreu.
Outras versões do mesmo mito dizem que o a mãe de Perseu continuou viva e lá pelas tantas virou a paixãozinha do Rei de Serifo, irmão de Díctis. Aí o mito fica meio sem graça e eu prefiro desacreditá-lo, pois o que dizem é que casaram-se e em uma competição proposta pelo rei, Perseu ofereceu-se para dar-lhe de presente a cabeça da Medusa. Não gosto disso e contarei a outra versão do mito.
Perseu foi criado pescador, e lá pelas tantas resolveu que seria uma anarquista grego e loucão. Isso por que seu pai, o pescador Dictis, foi morto por Hades o deus do submundo, em um ataque de fúria. Perseu vestiu-se com as cuecas do pai e disse: “Vingar-me-ei de vós, deus perverso que em nada nos serve. Escravos não somos de vós, e portanto, não devemo-lhes admiração menos ainda adoração. Serei eu a quem Zeus e seus irmãos Hades e Posseidon derrotarei”. Falou isso. Era prepotente o rapaz e dizem até que dali surgiram os argentinos.
Depois de uma boa confusão, Hades resolveu que soltaria do submundo o Craken, um monstro de terror imensurável. E Perseu, machão que era disse: “eu mato o safado”, referindo-se ao Craken. Foi-se ele e mais uns amiguinhos.
A ideia era básica: cortemos a cabeça da medusa, que se esconde no submundo, lugar onde chegaremos subornando o mercenário do barqueiro que por uma moeda nos levará até a maldita. Depois que tivermos a cabeça da medusa, que com um simples olhar petrifica a qualquer um, a faremos dar uma 'secada' no Craken, que vira pedra e deixa de existir. E isso fizeram.
Reza e lenda que Perseu recebeu presentinhos dos Deuses, tal qual Jesus recebeu dos reis magos. Da Atena, ganhou um escudo polido, que de tão limpinho que era, refletia. Do próprio Hades, que decerto não sabia que iria que o rapazote iria acabar com a sua raça, deu-lhe um capacete mega psicodélico que o tornava invisível, tal qual tornou-se Kaká na Copa do Mundo. De Hermes, ele ganhou a famosa sandalhinha alada.
Dessa forma então, até que ganharia da medusa. Invisível, com um espelhinho, invisível e voando, penso que até eu venceria a medusa. Perseu usou o escudo para dessa forma não olhar diretamente nos olhos da Medusa, desapareceu e decapitou-a voando. Fácil.
Quando o craken apareceu, Perseu cumpriu o combinado e o petrificou. Assim terminou a história.
É bom que se diga que o babaca do Rei de Argos, que expulsou seu netinho de casa, de fato foi morto por ele, mas isso por que Hades pilhou o rei, que fora condenado a tornar-se uma aberração por Zeus, a matar o neto. Tentou e morreu. Pronto.
Depois disso tudo, Perseu que não queria ser deus e os desafiou, ficou amiguinho do Zeus, seu pai o que só fez por demonstrar que sim, os deuses comandam.
Não me admiro que Noé, Moisés e esses outros personagens mitológicos, aliás, bíblicos, eram inimigos de Deus. Não duvido que deus fez o que fez para desafia-los.
Assim continuamos até hoje, sendo desafiados a viver como imundos, e agindo dessa forma. Mata-se por descaso, rouba-se por necessidade. Que mundo é esse onde até jogadores de futebol, ricos, bem sucedidos e famosos, matam como se fossem traficantes colombianos, ou ditadores cubanos?
Pois bem, meu caro amigo, não se admire se algum deus, da Bíblia o da Grécia lá de cima desafiou Bruno a matar, e ele num acesso de Caim, e esquecendo Perseu, matou.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O tragicômico roubo do salso-chorão

Meu pai sempre diz, e eu sei que não é só ele o único pai que diz isso, pois ele mesmo já me informou que meu avô já falava, a seguinte frase: “um homem só é um homem e pode morrer depois de fazer três coisas: plantar uma árvore, escrever um livro e por último ter um filho”.

Eu penso nisso. É algo que me marcou, ainda que sem uma razão definida. E devo dizer que não havia me mobilizado em torno de nenhuma das três realizações pessoais. Não havia pensado nisso até agora, pois decidi mudar de vez com essa rotina. Vou plantar uma árvore, e já tenho até o livro em mente. O filho, fora um outro susto, espero para daqui a uns bons anos (não se preocupe Francielle).

Ainda sobre o meu pai, certo dia eu estava com ele, passando pelo Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, quando ele enfaticamente me contava, quase com lágrimas nos olhos: “meu filho, meu pai sempre dizia que um homem só é um homem...(história da árvore, o livro e o filho). Pois bem, filhos, como se nota, eu já tenho, ainda não escrevi um livro, mas a árvore eu plantei aqui. Tu pode ver que bem aqui, plantei um salso-chorão, há pouco tempo e.... CARALHO, roubaram meu salso-chorão”. Sim, foi trágico. As lágrimas encheram os olhos do meu pai. Um homem forte, desabou.

Claro que me utilizo da “licença poética”, pois na verdade meu pai nem fez uma cena tão dramática assim. A bem da verdade ele reagiu da seguinte forma: “puta que pariu, quem foram os filhos da puta que roubaram essa merda?”. E ficou um tanto quanto nervoso. Mas foi só. Sem choro, sem lágrimas e sem drama. Mas as história aconteceu.

Esse episódio vem ilustrar uma vontade que tenho, a qual manifestei no início dessa crônica; gostaria sim de fazer um livro. A ideia já está no forno, e algumas linhas já estão no papel. A árvore devo plantar dentro em breve e o filho...bem, o filho esperemos mais uns 15 ou 20 anos.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Neandertais farroupilhas

Comentaram que em determinado momento da existência neandertal, houve sexo. Mas não sexozinho, não umazinha qualquer. Houve sexo com homo sapiens. Sim, meu companheiro, homo sapiens para quem não sabe, somos nós. Nossa raça, é bom que se diga, não nós, por que pelo menos em mim nenhum neandertal pôs a mão, mas nos nossos antepassados.

Depois de estudos biológicos realizados com base nessa teoria (a da trepada dos sapiens com os neandertais), cientistas comprovaram que os genes neadertais foram encontrados na mitocôndria das células embrionárias do feto surgido após a relação, o que me parece que comprova que os neandertais macho deleitaram-se nos braços macios das homo sapiens. Ou seja, a força bruta era um fator irresistível naquela época, há 40 mil anos. Ou isso, ou as sapiens foram estupradas.

Para quem não sabe, os neandertais eram uma espécie paralela ao homo sapiens. Teoricamente a espécie mais parecida com nós de hoje que já surgiu no solo terrestre, além de nós mesmos, é claro. Os neandertais, porém, foram exterminados da face de Terra, e chego a pensar que em uma represália dos homo sapiens macho que viram suas guampas crescendo após suas fêmeas deitarem-se com os grandalhões.

O que vem ao caso é que os genes neandertais possivelmente seguem em nosso organismo, o que vem explicar muitas de nossas atitudes. Quem de nós nunca agiu como um bruto? Mesmo os mais racionais agem feito brutos. Mesmo os mais cultos já agiram como brutos. Poetas, cantores, pintores; todos já tiveram seus ataques de brutalidade. Todos já fomos neandertais.
Algumas situações exigem que sejamos sábios, e como diz o nome, usemos da sapiência, porém, vez que outra é involuntário, nossos genes neandertais falam mais altos, e agimos feito bichos, atiramo-nos à selva, como se o instinto sobressaísse-se ao raciocínio.

Não andamos por aí com pedaços de pau na mão, menos ainda arrastando nossas mulheres pelos cabelos, mas tenho notado alguns acessos de brutalidade em um lugar onde me apetece muito. Os gramados dos campos de futebol dos dois times do Rio Grande do Sul.

Depois do duelo impressionante travado pelo vistoso e célebre time dos meninos da Vila, jogando como homo sapiens que são, e terem vencido um primeiro tempo no qual o Grêmio comportou-se como homo sapiens também. O Grêmio entrou na roda e quem dançou foi o Santos. O segundo tempo mostrou-se diferente e o Grêmio portou-se como neandertal que é e tratou o Santos como a fêmea homo sapiens estuprada. O time da Azenha teve seu acesso de brutalidade e maltratou o Santos. Fez quatro gols como quem brinca e mostrou que aqui no sul, o futebol serelepe e sapiente fica só na teoria.

O Inter também faz das suas e mostrou ao Goiás que no sul os neandertais dominam e comandam viradas dignas dos genes que possuímos.
Espero que dentro da próxima semana, mostremos mais uma vez o quão brutos somos e o quão os outros times devem ter medo de nós gaúchos. Não tenho certeza se conquistaremos fêmeas inteligentes na base do grito, como fizeram nossos antepassados, porém, é notório, que Santos, Goiás, Avaí, Fluminense, e Banfield, já nos vêem como estupradores neandertais.

terça-feira, 11 de maio de 2010

O peito direito do Cerezo

O Cerezo começou na academia por que queria ser forte. É natural que o Cerezo quisesse ficar forte, afinal sempre fora magricelo e os magricelos sempre querem ser fortes em algum dia das suas vidas. Empenhou-se o Cerezo, comprou suplementos, foi regularmente à academia, todos os dias, absolutamente todos os dias da semana, sem excetuar finais de semana.

Fazia chuva, fazia sol, e lá estava o Cerezo, suando tal qual um porco defumado, malhando euforicamente, como se amanhã ou depois o mundo fosse terminar, e ele morrer magricelo. Ninguém parava o Cerezo. As anilhas eram escassas para tamanha força muscular e de vontade que o Cerezo estava adquirindo.

Estava ficando fortinho.

Eis que um dia aconteceu. Foi numa conversa de maromba, corriqueira na academia, onde todos analisavam-se diante do espelho, que o Cerezo descobriu. Quem revelou foi o Tonhão:

-O lado direito do peito do Cerezo é maior que o esquerdo. Que engraçado! Tu tem escoliose Cerezo?

NÃO!, Cerezo não tinha escoliose, era apenas, torto. Todos riram,e riram efusivamente da desgraça do Cerezo, que acabara de ganhar um novo apelido que ilustraria dali pra frente seus piores pesadelos, suas maiores aflições, suas mais temíveis angústias, e o pior, dali pra frente, seria parte do seu cotidiano.

- Mo-no-te-ta! O Cerezo agora é o monoteta – disse o Toledo, em meio as gargalhadas da turma.

Trocou de academia o Cerezo, porém, a fama havia se espalhado, todos sabiam, e o papo era sempre o mesmo quando ele cruzava a porta de qualquer academia: “lá vem o Cerezo, antigo magricelo e agora monoteta”.

Eram cruéis as pessoas, aliás, como todas as pessoas são. Todas são cruéis, e com o Cerezo eram ainda piores. Cerezo teve de desistir da academia. Abandonou a vida da maromba e entrou para a faculdade de letras, onde recebeu um novo apelido, dessa vez melhor elaborado e criado pela pior espécie de gente má que pode existir, estudantes de letras.

Aleijado mastológico, era o apelido. E aí sim o Cerezo doeu-se.

Cancelou os estudos e resolveu que entraria para a Igreja. Virou evangélico, e quando os irmãos viram sua anomalia, o encaminharam logo para o descarrego. Não era possível que aquilo fosse natural. O Cerezo era uma aberração e o provável era que ele carregasse o capeta consigo.

Ali também o Cerezo não se adaptou. Afinal, mesmo que não tivesse ganho nenhum novo apelido, ser exorcizado não fazia parte da lista de afazeres que Cerezo pretendia desenvolver antes de morrer. Saiu da Igreja.

E foi um dia, como que quando o destino lhe casou um desatino (e o joguinho de palavras??), que Cerezo cruzou na rua por Betina. Ela era linda, divina, lustrosa, reluzente, serelepe. Deslizava por sobre a calçada da rua como se flutuasse messiânicamente.
Betina tinha um seio maior do que o outro. Bem maior. O peito esquerdo.
Casaram-se os dois.
Tiveram uma vida feliz como nunca, amaram-se loucamente, a libido dos dois era instigante e insaciável.
Apenas terminaram quando a idade foi lhes abatendo e o Cerezo não pode mais apelar para posições sexuais arrojadas, cheias de movimentos, e teve de deleitar-se apenas com um papai e mamãe. E aí sim estava o problema. Assim que o peito esquerdo da Betina encontrava o peito direito do Cerezo, a genitália do rapaz fazia-se de curto alcance.
Quando botou Cerezo pra for de casa, Betina esbravejava aos gritos:
-Só a cabecinha não quero mais. Só a cabecinha não quero mais!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Morreram junto com a história

A Guerra de Canudos é famosa no Brasil. Uma guerra de brasileiros contra brasileiros, como era de se esperar. E como era de se esperar mais uma vez, quem perdeu foram os brasileiros. Mas os brasileiros de verdade, aqueles que sofrem, gritam, trabalham duro, são honestos. Esses perderam a guerra, se é que se pode dizer que em uma guerra há vencedores. Pois então, os brasileiros fajutos venceram a guerra, tanto quanto se pode vencer.
É bem verdade que o fanatismo sócio-religioso nunca foi meu favorito, mas há de se louvar qualquer iniciativa que travasse conflitos e impusesse seu ponto de vista, ainda que menos favorecido, ao comando do Brasil naquela época. Aliás acho louvável qualquer demonstração de força de vontade, que vá as ruas e brade, nem que seja o grito dos fãs de Star Wars bradando aos quatro cantos que Luck Skywalker (assim que se escreve?) deve ocupar um lugar na academia brasileira de letras. Mas enfim, é necessário que se proteste contra ou a favor do que se luta.
A Bahia há muito é um país com o desenvolvimento quase nulo e era contra isso que lutavam os combatentes de Antônio Conselheiro, o líder da revolução e espécie de Jesus Cristo baiano, que pregava uma salvação através de um milagre que a todos os “sertanejos” salvaria. Mas baseava-se também em voltar os olhos do governo para aquele lugar miserável, e alertar que ali havia seres humanos também.
Como era de se esperar, a revolução não deu certo e mais de 20mil baianos guerreiros morreram. Os que não morreram, de lá fugiram, levando o pouco que tinham, ou nada. Rumaram, até onde se sabe, para o Rio de Janeiro, em maioria, dando origem a lugares que hoje em dia constantemente aparecem na televisão. Lugares de vegetação vasta, moradas coletivas, condomínios alheios às praias e o luxo carioca. São chamadas hoje de favelas.
A primeira favela conhecido do Rio de Janeiro, e dizem ser a primeira formada naquele local, é de total responsabilidade dos flagelados de canudos, que a batizaram favela por ser formada em um local coberto por favelas (uma planta). Em seguida, o morro passou a ser chamado de “Morro da Providência”, e até hoje existe.
Outro dia vi na televisão imagens do Morro da Providência, que me chamaram a atenção. Eram sinais de balas, perfurando paredes nas casas daquele local. O que mostra que Canudos não é tão coisa do passado assim. A guerra segue presente naquele povo e de novo guerra de brasileiros contra brasileiros. Dessa vez nada contra um regime ditador ou imperialista, dessa vez, pura e simplesmente pela violência, pelo comando, pela covardia.
Se história do Brasil tivesse sido escrita sem tanto sangue, e quem sabe com mais tinta de caneta, ou nanquim, a realidade seria outra hoje em dia. A culpa é clara e manifestadamente daqueles que colonizaram nosso país. É fácil e cômodo atualmente dizer que só por que a televisão mostra imagens fortes e tiros vindouros do alto do morro, que são eles o culpados pela desgraça e pela depredação do país no qual vivemos. Mas se olharmos o passado, veremos que desde o começo essa gente perdeu a guerra, e continua tentando vencê-la desde então.
Li num texto do David Coimbra que os outros fundadores das favelas foram os negros escravos, assim que tiveram sua abolição (pra lá de tardia) assinada, foram largados à sua própria sorte, com o currículo maculado pelo depravamento dos contratantes, não dos contratados. Esse negros, não tinham onde morar, e adotaram cortiços para instalarem-se, porém, após a reforma urbanística a qual o Rio de Janeiro foi submetido, esse mesmos cortiços foram extintos, e destruídos, restando aos negros, nada. Daí em diante, a solução foi ocupar os morros das encostas cariocas, utilizando-se de material da construção, os destroços saqueados dos próprios cortiços que eles antes habitavam.
Portanto, mais uma vez se nota que o fracasso daquela gente era iminente e se confirmou.
Ouço hoje em dia profecias e até estudos dizendo que o mundo sobreviverá até 2012 e só. Não duvido disso, ao pé que vão as coisas, é provável que antes ele acabe. O que é certo, é que para aquela gente, baianos, escravos, negros, Antônios, profetas, messias, revolucionários, loucos, bandidos, todos eles, para essas pessoas o mundo acabou logo no seu começo, ou logo que o Brasil, começou e ser Brasil.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Língua dos deuses

Os gregos antigos acreditavam na sua própria mitologia. Dezenas de deuses planavam pelo Monte Olimpo. Chamam-na de mitologia grega, por sinal e creio que o nome seja adequado, analisando os fatos.

Tenho curiosidade em saber quem dizia que os deuses eram deuses. Se de repente havia um setor de RH e uma psicóloga formada fazia a seleção de emprego. Os deuses eram contratados a partir de um currículo bem formulado, no qual exaltavam principalmente sua beleza e suas qualidades mór, como no caso da Afrodite, a sensualidade. Mas eu bem acho que rolava um nepotismo descarado nessa histórinha toda. Exemplo é o Hércules, que só por que era um playboyzinho filho do Zeus, ganhou até seriado transmitido no SBT, além do cargo de semi Deus. Duvido que, por exemplo, o filho do Sarney vá ter algum seriado algum dia. Esses deuses eram bem safadinhos.

Cheguei a mencionar o número incontável de deuses que habitavam o Monte Olimpo, transformando-o numa espécie de Morro do Alemão para os deuses, um quase cortiço inundado pelo deus do feijão, do funcho e do sabão em pó. E acho bárbaro na literatura antiga – e que fique claro que eu gosto muito da mitologia – é que os deuses em si – e isso inclui a Bíblia – conversam com seus súditos. Batem papo, jogam canastra e dominó, tal qual fossem amigos de boteco. Por que hoje em dia isso não mais acontece?

As pessoas passaram a respeitar deuses (ou no singular) e teme-los. Não se adora o que se tem medo. Não se exalta o que te amedronta. E aí eis um erro comunal. Não mais se conversa com deuses, apenas se agradece e se pede, de forma direta e sucinta.

Vulcões, terremotos, tsunames, enchentes, furacões. Se conversássemos com deus, talvez saberíamos de tudo. Como Noé pode saber do dilúvio e os moradores da Morro do Bumba não? Me parece injusto. Quem sabe é Ele (o próprio deus) que não quer mais papo. Somos chatos. Aliás, somos muito chatos, fazendo sempre o mesmo. Comprando, roubando, vendendo, morrendo, matando, amando, desamando. Nossa vida é um gerúndio de possibilidades, sempre no presente mas tão coisa do passado. A gente é retrô e deus já viu isso.

E o Inri Cristo, por que não nos avisa nada? Ah, isso me deixa muito brabo. Não é possível que ele não saiba. Se ele é mesmo filho do Homem, ele tem que saber. Pais e filhos conversam, nem que seja para brigar. Duvido que deus não tenha enrijecido o dedo e o posto na face o Inri dizendo: “tu não me aparece mais em casa com esse gente (nós, humanos), pois da próxima eu vou tocar o terror e a terra vai tremer”. O Inri é que não entendeu que deus não usa figurativo. Ele fez a Terra tremer.

Com ou sem Inri, nós não entendemos as palavras Dele, ou deles, se forem gregos, e esse é um problema, pois se deus fala mesmo haramaico, ou qualquer coisa do gênero, eu não entenderia de qualquer forma. Mal e mal conheço o português. Falando grego então, pior ainda. Aqui eu sugiro um curso de português, ou inglês que é a língua universal aos deuses. Rápido e prático, e aí sim, está tudo certo, não precisaremos mais de terremotos ou vulcões para entende-los, apenas um tradutor, quando muito.

Deuses gregos, finlandeses, croatas, americanos (americanos acho que não), e até brasileiros devem existir. O que me resta é saber a qual deles apelar. Viu, viu. Se não fosse a Torre de Babel, nada disso teria acontecido. A culpa no final de tudo, nem foi nossa e agora nós pagamos o pato.

Então que vocês todos aí em cima se reúnam, e democraticamente escolham o seu líder. Aí sim nós teremos com quem conversar. Peço apenas que seu líder fale português, ou também nem sei se é tão necessário assim, afinal, o líder que escolhemos para nos representar aqui no Brasil também não fala.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Paredes jamais falarão

Falassem as paredes eu não mais teria juízo. Falassem como falam as pessoas a desgraça total chegaria. Dissessem metade do que sabem não mais seriam paredes e fofoqueiras seria seu nome.
Paredes sabem, elas veem. Não falam. Nunca falarão, não enquanto eu viver. Apenas o que me guia é minha consciência, não as paredes.
O que gosto nelas e quando digo nelas me refiro às paredes, é que permanecem estáticas em meio a tudo. Não se mexem e nem respiram, mesmo vendo - e elas veem, - as cenas mais sórdidas e mais sacanas que alguém pode ver. Portanto, sabe-se que paredes não falam e jamais falarão.
Ninguém que saiba tantos segredos os manteria tanto tempo como os são, ou seja, sendo segredos. Lá em casa mesmo, meu amigo, se as paredes falassem, é provável que eu já estaria preso.
Embora coisas que supostamente só as paredes sabem, vez que outra perdem-se em meio às bocas populares. Isso sim é coisa que não explico. Aliás, nem eu...nem as paredes.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Fogosa Alessandra (Maria Helena)

Parte três

Fosse o que fosse, aquele não poderia ser chamado de um dia normal. É bem verdade que começou normalmente, mas o Armando pressentia o ataque, sabia que o destino preparava-lhe uma cilada. Seu sexto sentido nunca o deixara na mão e não seria diferente desta vez. Só esperava saber de que lado vinha o golpe. E ele veio do lado mais surreal, mais inesperado, do lado que Armando jamais poderia imaginar. Veio do lado moreno, doce e cândido, do lado angelical, veio de Alessandra.

-Armandinho! Lembra aquela noite em que fizemos loucuras com o segurança do condomínio,o Sidi? Aquele afro descenden“tesão”, que você mesmo apelidou assim? - perguntou descaradamente sarcástica a Alessandra.
-Hã... lembro sim, meu amor, mas poderíamos deixar essa história pra lá, né? Faço tudo por ti, mas aquela foi uma exceção, e o Sidi de fato era excedido em tudo , né amor.
-Ah pois é. Pois então vou deixar uma coisa bem clara pra ti. Fiz dezenas de fotos tuas com ele. Dezenas. Ou seja, tenho provas irrefutáveis de que o garanhão de empresa é de fato um homossexual enrustido.
- O que tu quer dizer, Lele? Tu não faria isso. Jamais mostraria fotos minhas nessa situação. Só fiz o que fiz pra te agradar.
-Meu querido, vamos a uma breve regressão no tempo; lembra em meados de 98, eu tinha 17 anos tu estava se formando na universidade e eu acabava de ingressar no me curso.
- Não lembro de ter conhecido qualquer Alessandra que fosse.
- O nome Maria Helena te diz algo?

Armando empalideceu. Sim o nome dizia algo, aliás, o nome dizia tudo, tudo o que ele não queria lembrar. A voz de Armando engasgou. Estagnou no movimento que iniciaria e feito uma estátua derrubada pela força de um furacão, tombou. Desacordado, com o coração saltando-lhe pela boca.
Acordou no hospital, zonzo, porém, quando a memória lhe fez questão de tornar as coisas piores do que já estavam, lembrou-se do acontecido. “Não é possível. Maria Helena! O que farei? É o fim da minha vida sexual”, pensou.

O que terá Armando feito à pobre Maria Helena para que a vingança da moça seja tão arrebatadora? Terá Sidi, se apaixonado por Armando? Descubra tudo no próximo capítulo de : “A Fogosa Alessandra”.

segunda-feira, 29 de março de 2010

A Fogosa Alessandra

Parte dois

A aspereza de uma relação inóspita e agressiva que tinham na cama, não condizia com o cotidiano de flores e romantismo que o mais novo e cobiçado casal da empresa mantinha além das quatro paredes e após uma noite de luxúria libidinosa.
Armando era um conquistador que fora conquistado. Isso era tão inegável que nem o próprio conseguia negar.

- Tu ta apaixonado, Armando! - declarava o Eliseu quando passava pela sala do colega de trabalho e o via com a mesma cara de paisagem que já lhe estampava a face há algumas semanas, observando a tela do computador, na qual Eliseu sabia estar a foto de Alessandra. Eliseu sabia, todos sabiam. Alessandra ocupava o pensamento de Armando 24 horas por dia.
- Oi?! Pois não – respondia o sobressaltado Armando, após voltar a realidade, embora soubesse que a sua realidade naquele momento era morena, tinha a pele macia e tinha as coxas mais coxas que o Armando já vira. Atendia também pelo nome de Alessandra.


O Armando mordera a isca a Alessandra sabia disso. O infeliz sofreria na mão dela, esse era o objetivo. A paixão que despertara no pobre homem tinha uma finalidade. Ou melhor há tempos teve seu princípio, agora estava em seu meio, e muito em breve chegaria ao seu final. “Ou isso, ou não me chamo, Maria Helena Santana”, dizia ela em pensamento.


O que trama Alessandra, aliás, o nome nem é Alessandra e sim Maria Helena. O que trama Maria Helena? E por que diz se chamar Alessandra? Que fim aguarda o pobre a putanheiro Armando?
Descubra em breve, no próximo episódio de: “A Fogosa Alessandra”.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A fogosa Alessandra

...quando se encontravam havia sempre um olhar despudorado, carnal. Era como se despertasse em cada um dos dois o erotismo americano. Como se acendesse nos interior deles a chama do sexo sádico.

“O ápice da vida de um homem é satisfazer-se com uma só mulher. Enquanto eu não acho essa mulher, sigo com outras e vivendo a instabilidade de uma vida masculina”, era o que dizia o Armando sempre que alguém perguntasse se ele não pensava em constituir família. “Não é possível que eu tenha de privar as outras mulheres de um talento que tenho. Seria muito egoísmo de minha parte, prefiro ser um altruísta”, ainda completava.
De fato Armando vivia a forra com diversos tipos de mulheres. Em sua cama era um festival de fios de cabelo; loiro, preto, castanho claro, castanho escuro, ruivo, vermelho, diziam que até madeixas de cor lilás se abateram sobre o lençol branco do rapaz, ao que ele apenas respondia: “essas emos, nunca mais!”.
Armando tinha um vida desregrada, mas ainda assim era um exemplo de virilidade e boa conduta. Não deixava um amigo na mão e ainda bradava, “se não der mais conta da tua mulher, manda pra mim que eu trato bem”. E fizera questão de ajudar um punhado de amigos cujas mulheres se diziam insatisfeitas. Dizia sempre que o remédio que ele tinha para problemas conjugais era tiro e queda, mais tiro do que queda, ou vice-versa.
Acontece que em uma ocasião alheia à qualquer outra, apareceu um anjo em sua vida. Morena, pele macia, as coxas mais coxas que o Armando tinha visto (e não foram poucas que ele vira). Tudo nela era alvo do tesão mais obsceno que Armando experimentara na vida.
Alessandra era o nome. A-les-san-dra, ele pronunciava devagar, sempre que ela resolvia dar o ar de sua graça. Saboreava cada vogal, cada consoante, cada sílaba, que aquele nome possuía. Até o nome era gostoso de se sentir. Sentia-se tentado. Alessandra era uma espécie de bibelô viciante que Armando tinha adquirido.
Alessandra era a nova relações públicas de empresa e fazia questão de mostrar o quanto era articulada, e o quando seu cargo combinava com ela. Mostrava-se suave no trato com todos, mas principalmente com os homens. Parecia conhecê-los como a palma da mão. Encantava como fosse uma feiticeira. Uma encantadora de homens. Todos diziam: “Alessandra é mulher como não se faz mais”.
Alessandra era mulher como não se fazia mais, de fato. Tinha um “quê” especial, a Alessandra. Quiçá fosse a personalidade forte, aguçada. Mas poucos sabiam que Alessandra estava ali com um simples objetivo, destruir a vida do Armando. Involuntariamente, claro, mas era esse seu destino.
Armando sabia que estava apaixonado, e Alessandra sabia que ele estava apaixonado. Resolveu então mostrar pra ele tudo o que ele precisava saber.
Antes que Alessandra pudesse pensar em alguma atitude, o primeiro bilhete chegou, entregue pelo office boy:

Tudo em ti me fascina. És o sol que está a iluminar minha semana sombria.
Ass: A


Os bilhetes foram chegando diariamente, e Alessandra já descobrira quem era o autor dos feitos.
Certo dia, Alessandra apareceu com seu andar serelepe e o jeitinho fascinante na sala de Armando, que era o gerente de RH da empresa. Olhou-o nos olhos e disse:
-Eu sei.
-Sabe o que?
- O que tu quer comigo.
- Sabe?
- Sim, quer só me comer.
- O que é isso, dona Alessandra.
- Admita. Tu olha pra mim, e pensa em sexo.
- Eu não admito que fale assim comigo.
- Não, admite? Pois agora eu quero que me coma.
- Não farei isso... está bem, eu como.
- Come mesmo?
- Como.
- Viu?! Falei que tu só queria me comer.
- Mas eu não quero. Ia comer só por que tu tava pedindo.
-Ah sim, agora eu sou oferecida.
-Não é isso. Mas tu pediu.
Alessandra pulou no colo de Armando e ali os dois se amaram, fervorosa e alucinantemente. Desde aquele dia, quando se encontravam havia sempre um olhar despudorado, carnal. Era como se despertasse em cada um dos dois o erotismo americano. Como se acendesse nos interior deles a chama do sexo sádico.

Continua...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Quem entende?

A Guerra dos Farrapos teve como personagem principal Bento Gonçalves. Não sou um profundo entendedor do assunto, porém, gosto e tenho algum pouco embasamento para comentar sobre. Bento era um revolucionário que segundo alguns não acreditava na revolução. Muitas teorias – e há teoria sobre tudo, chego a pensar que algumas pessoas dizem que o bolo de chocolate é feito com baunilha – dizem que Bento era um capitalista, mesmo naquela época. Dizem que o interesse era todo monetário e que não tinha nada de “sangue gaúcho nos olhos”.

Não acredito nisso, vou morrer acreditando que Bento era um lutador, um guerreiro e alguém que deixou herança e legado a todo o povo do sul. Somos lembrados como rudes por uma justa causa. Ninguém fez o que fizemos, ninguém teimou contra um império, ninguém lutou contra milhões com mil. Esse é o sul. É o sul que perdeu no último sábado, um de seus maiores compositores, o tradicionalista, Leonardo.

Que escutem: “é o meu Rio Grande do Sul, céu, sol, sul, terra e cor. Onde tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor”, e lembrem-se de Bento Gonçalves e de Leonardo. Mas não se esqueçam que mais gente está por trás disso. Anita Garibaldi, por exemplo.

Anita não está por trás de conspirações nem teorias. É unanime, foi uma guerreira. A mulher por trás dos homens – mais por trás de Josepi Garbiladi que dos outros -, mas uma nobre de alma e uma selvagem de coração.

Reza a lenda que mulheres estiveram por trás de inúmeras guerras e conflitos. Há teorias – o chocolate e a baunilha – dizendo que em quase 100% das guerras houve participação de mulheres. Em algumas épocas, era comum que elas se travestissem de homens e enfrentassem de igual para igual os munidos de testículos. Com uma vantagem que tinham, ninguém as entende.

Já tentei entender mulheres, mas a única coisa que entendi tentando entende-las, é que não há como. É impossível saber quando uma mulher está satisfeita – sim, incluo o sexo nessa história – e é mais impossível ainda saber se está agradando-a. Nós homens, somos menos exigentes, nos basta cerveja, sexo e futebol e estamos felizes. Mulher não. Pra elas tudo sempre poderia ser melhor.

Se tomamos cerveja, poderia ser champagne, se damos chocolate de presente, poderia ser um urso de pelúcia. Se damos carinho, preferem os cretinos, se somos cretinos, gostam de carinho. Não entendo e já parei de tentar entender.

O que é certo é que nós (homens) não vivemos sem elas. Não nasceríamos sem elas, e não teríamos nada não fossem elas. Algumas delas já me fisgaram. Outra já reclamaram de mim. Algumas até já se apaixonaram por mim, mas tenho a plena convicção que para elas, eu sempre poderia ter sido melhor. Talvez devesse ter sido melhor. Ou talvez devesse ter sido diferente. Quem sabe as mulheres nunca estão satisfeitas por que nós nunca estamos a altura delas. Há de se pensar nisso.

O que há de mais concreto é que há um dia específico para mulher, quando todos sabemos que todos os dias são delas. Feliz Dia Internacional da Mulher, não as entendo, mas as parabenizo da mesma forma. Quem sabe no dia que entendermos as mulheres, entenderemos também a titularidade do Ferdinando no Grêmio e a não convocação do Ronaldinho Gaúcho na Seleção.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Da série: Trovas inoportunas e cortes homéricos

Vermelho do sol

Se ele fosse um turista qualquer ela nem o teria reparado. Mas era o turista mais branco e com os pés mais vermelhos do sol que ela já havia visto.

Se ela não fosse tão morena, ele nem a teria reparado. Se não tivesse aquelas coxas também, se a bunda fosse um pouco menor e com mais celulites, se os seios fossem menos rijos e redondos, se o rosto não fosse desenhado e os olhos azuis não contrastassem com o bronze ele nem a teria notado. Se aquele cabelo loiro dourado não fosse tão ondulado e se o vento não os deixassem esvoaçantes e ainda mais brilhosos ele nem saberia que existia e não teria ido falar com ela. Porém, era assim e foi.

-Tem uma coisa que eu preciso te dizer – falou.
- É mesmo?

Ai Deus, se a voz também não fosse tão rouca e sexy não teria ficado tão excitado e nervoso.

-É, eu queria dizer que tu é uma baita de uma gostosa, que combinaria muito bem na minha cama.

Ela sorriu, jogou a cabeça para trás para que o cabelo ajeita-se à fronte e respondeu:

- Eu também tenho algo a lhe dizer. Algo que desde o primeiro momento que o vi me tomou por completo. Algo tão diferente, mas tão diferente que me arrebatou de tal forma que eu não conseguirei passar mais um minuto sem dizer. Preciso desabafar.

- Pois diga, querida, diga tudo o que aperta são coração.

- Vou dizer, preciso dizer, é mais forte do que eu.

- Diga, vai.

- Nos pés também se passa protetor solar, seu tonto.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Jah RastafarI

Retorno das férias com um ar encantando, um “quê” desmiolado, e um tanto quanto desnorteado com a Babilônia interiorana que tomo de volta. É claro que não queria voltar. A praia me parece tão mais simpática que a Serra. Me parece tão mais envolvente ou como diriam as novas línguas; mais tendência. Não queria voltar, mas voltei.
Enquanto eu andava na areia fofa, acompanhado do mar, que seguia-me retilíneo durante todo e qualquer percurso explanei sobre algumas ideias, as mais fundamentais delas se davam em realizar algo com o que sempre sonhei e outrora cheguei a explicitar aqui. Tomei uma decisão, aliás, tomei duas decisões na praia. A primeira delas se deu em realizar esse meu antigo sonho.
Peguei meus fones, ao som de um reggae e subi um morro, tal qual escrevi no texto “Água na Boca” (disponível nesse mesmo blog há cerca de um ano). Derivei um pouco de minha escolha escrita tantos meses atrás, e subi um morro o qual o mar também ladeava. Ou seja, eu tinha um morro, as rochas, um reggae, o sol e o mar.
O cansaço da subida pouco me atingiu quando alcancei o topo e sentei-me sobre uma rocha enorme, e ali fiquei, mais de uma hora, e quando atentei-me ao som de um reggae que me dizia:
Quero estar a todo instante
Em teu calor contagiante
Pé na areia, água-viva
Esse mar é energia

Coração fica gigante
Paisagem estonteante
Cheiro de flor, alegria
Mil sorrisos, pura vida

Pensamentos tão distantes
Lindos olhos de brilhante
Colorida luz do dia
Seja como for, seja aonde for

É tanta paz que dá vontade de cantar
É tanto amor que dá vontade de voar
É isso tudo que devemos preservar
Por favor faça agora, não é tempo de esperar...

Anda na pedra, corre pro oceano
Pérola do Sol, te amo
Anda na pedra, corre pro oceano
Pérola do Sol, te amo
Anda na pedra, corre pro oceano
Pérola do Sol, te amo
Anda na pedra, corre pro oceano
Pérola do Sol, te amo

entendi que a vida tem um significado tão grande em um contexto que inclui a felicidade em coisas tão pequenas.
Não que eu tenha aderido ao budismo ou ao rastafari, porém, voltei das belas praias catarinenses com um sentimento novo, me parece que a liberdade. Talvez eu tenha entendido o real significado da palavra felicidade. Voltei outro, isso é o importante.
Enquanto lá estava pedi aos céus, a Jah, a Deus, a Budha, a Alá, enfim pedi a quem pudesse me atender que me trouxesse a felicidade nesse novo ano. Sinais desse fevereiro me levam a crer que fui atendido e espero que continue sendo durante muito tempo.
Voltei a Gramado e fiz questão de desenredar a segunda ideia que desenvolvi na praia, enquanto comia um belo peixe na beira do mar de Laguna, decidi-me: “farei uma tatuagem que me atrairá mais coisas boas”. A fiz e espero e aguardo mais e mais vibrações positivas, pois como todos sabemos: positividade atrai positividade, que atrai positividade, que atrai...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Estação da luxúria

O verão sempre existiu e ninguém sabe quem o inventou. Dizem que Deus em sua sábia analogia pensou: “haverá no meu mundo, quatro estações. Uma com frio, uma nem tanto. Outra com calor, outra nem tanto”. Digo que ele pensou, mas não tenho bem certeza, e por favor, os mais fervorosos que não em condenem, mas se pensarmos bem, bem mesmo, é capaz de que ele nem tenha pensado. Se pusermos as coisas a grosso modo, veremos que não há muita lógica nesse consenso, e por mais que a ciência, que dessa vez aliou-se à eclésia, diga que sim, eu nego.

Começamos o ano com o verão. Até ai tudo bem, nada mais animador que começar um ano com temperaturas acima dos 30 graus célcios, podendo dessa forma degustar de belas ondas litorâneas e tomar belos goles de acolarinhados chopps. Eis a sensação de um verão, o álcool, a praia e acima de tudo a luxuria. A estação mais libidinosa de todas e a melhor, sem dúvidas. Porém, é covardia que também terminemos o ano com verão. E é ai que me pergunto: o que fizeram para merecer as outra estações que ficam no meio do ano?

Aí começo a questionar o Divino, pois tomo as dores do outono e do inverno que ficaram ali, perdidos no meio do ano, quando estamos todos euforicamente labutando. Não recrimino aqueles que preferem o verão a qualquer coisa, aliás eu sou um deles. Adoro o verão e principalmente por que é uma estação na qual se tira férias. Se vai à praia e se vive uma vida que não e tua. Essa é a ideia.

Há quem diga que foram eles próprios, inverno e outono, que resolveram congelar-nos, depois de uma longa conversa que tiveram. Resolveram e se fosse eles, eu teria feito o mesmo, que já que eles ficam no meio do ano, querem mais é que sejam odiados. “Melhor que sejamos odiados que nem ao menos lembrados”, disse o inverno, ao que o outono, que é seu sobrinho mais velho acordou.

Não falo da primavera, pois ela é apenas uma prévia do verão, e fica dentre as estações que não são lembradas, é quase o que o outono representa para o inverno, com a diferença que diz respeito ao verão. A primavera é uma estação gay, com flores e eufemismos, porém, agradável, mesmo para os não gays (meu caso).
O inverno e o outono, se de fato queriam que todos o odiassem, pelo menos o meu repúdio conseguiram. Embora eu os defenda, não gosto deles. Não gosto da sensação que eles trazem, como se o mundo estivesse com seu fim logo ali na frente, na próxima esquina. É bem verdade que terremotos, tsunamis, enchentes acontecem mais ainda no verão, mas o fundamental, o imprescindível e o indispensável do verão são as férias.

E depois de todo esse texto, comunico-lhes que estou saindo de férias sexta-feira, e portanto, ficarei um tempinho distante desse meu bloguezinho que não tem muito talento, porém, o qual tenho uma simpatia muito grande.

Boa praia pra mim!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Falo em adeus, penso em até logo.

A minha preferência é fazer, porém, é sempre mais conveniente só falar. Digo que faço, faço que digo. Ou nem digo e nem faço, apenas imagino. Queria ter tempo (e coragem) para fazer tudo o que penso. Ou queria pensar antes de fazer certas coisas que faço.

Certo é que o final de semana foi bom, e me parece que guardou um adeus, que não me foi conveniente e nem cabe no meu armário, preferia que o final de semana terminasse sem adeus, e com um até logo. Mas, a vida é boa, o mundo é um reggae que não tem fim. As vibrações seguem sendo positivíssimas, eu falando, pensando, agindo ou, na pior das hipóteses, escrevendo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Wè Do Na

Queridos amigos que por ventura aqui vieram.
Sei que em suma, esperam por algo com humor, ou quiça algo pelo menos que se possa dar duas risadas secas ao final da leitura: “ha ha”. Peço perdão, pois hoje estou um tanto desolado, parece-me que só agora a fixa do que aconteceu com nossos pobres irmãos haitianos me caiu e eu me sinto impotente ante a essa situação. Aqui vai um texto que expressa um pouco da minha dor e do meu pesar. Espero que entendam.

"Girava em torno dos pés. Girava como se dançasse para esconder a tristeza. Tristeza essa que o coração inundava, e derramava junto ao pranto, que em detalhes lembrava tudo aquilo que lhe atrolhava o peito. Não fosse tudo o que aconteceu, não seria assim. Não estaria assim, afinal ela nunca fora assim.
Se milhares de pessoas mortas deixaram dor ao mundo, e à sua terra, o Haiti, a única dor que ela sentia era a da perda de sua filha. Aquela que com quem sozinha, dividia tudo o que tinha. Sua filha que saia de casa todos os dias, com sua mochila rumando para a escola. Muitos naquela região não tinham a mesma sorte, e não rumavam à escola. Rumavam sim, para o trabalho quase que sem remuneração. Mas a sua princesa, a haitiana mais linda do país, não. Ela merecia só o melhor, com seus oito anos, devia estudar para depois ser doutora.
Aquele cheiro putrefato que lhe nauseava, nem de longe era semelhante a dor lancinante que lhe assolava o peito. Não mais teria seu anjo negro. Não mais diria a ela: “M renmen w”, (eu te amo em creolé haitiano, a língua falada por quase toda a população daquele país). Não mais a veria, e menos ainda poderia toca-la.
A dor de uma mãe, analisando o corpo da filha, do qual se despede ali sentada na beira da calçada, aos prantos. Não deve haver dor tal qual.
Se eu te amo não mais pode-se dizer à ela, não ao menos em palavras diretas, mas sim em orações, o wè Do Na (adeus), traduz o sentimento da mãe e as palavras que teimam em engasgar-se naquela garganta, insistindo em não sair."

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Da série: Trovas inoportunas e pouco prováveis.

O segredo está no nome

- É Telmo teu nome né?
- Telmo.
- Hum, Tel-mo.
- Troca as duas sílabas de lugar. Já tentou?
- Como assim as duas sílabas?
- É. Dá motel.
- É mesmo!
- Aham. Telminho Motel. É divertido.
- Quem, eu ou o motel?
- Os dois.
- Então tu pode te divertir em dobro. Vamos?
- Haha. Vamos. Tá de carro?
- Não.
- Vamos de taxi?
- Não tenho dinheiro.
- Seu pobre.
- Admito.
- Eu pago.
- O motel também?
- Vale a pena?
- Tenta.
- Vamos.

Após horas de reflexão Telmo decreta:

“ADORO MEU NOME!!”

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A mitologia do Amado

E se ela fosse Ariadne, o Teseu, que seria eu não largaria o fio. Não largaria, viveria com ela dentro do labirinto e o minotauro que admitisse que a única criatura com guampas ali dentro seria ele. Viveria o amor retumbante. Esperaria Platão surgir para depois debater sua filosofia, com ela. Sempre com ela.

Que viessem Athenas, Zeus e o Belzebú se quisesse, eu não haveria de largar o fio, e muito menos a Ariadne. O minotauro até deixaria vivo, pois creio que mesmo sendo Teseu eu não teria a capacidade de mata-lo.

Caso eu fosse o Teseu, e claro, ela fosse a Ariadne, o Dionísio que ficasse chupando o dedo e tomando vinho, vivendo com sua eterna dor de cotovelo.
Eu Teseu, ela Ariadne e a mitologia seria outra. Quiçá, uma história de Jorge Amado, com final feliz diria eu. E que fique claro, com final feliz!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ampulheta

Já tentei quebrar o tempo.

Atirei o tempo na parede, pisei em cima dele. Por mais de uma vez o ameacei, lhe botei o dedo na cara. O desgraçado do tempo nem bola.

Faz-se de desentendido o infeliz. Jura que não tem culpa, jura que não foi ele. Nada fez e nada viu.

Pois eu duvido. O tal do tempo nunca me enganou. É ele sim. Ele é o responsável por tudo, tudo, tudo...

E enquanto o ponteiro do relógio na parede faz “tic tac, tic tac”, eu ainda acuso o safado do tempo, “para com esse barulho”, até isso é culpa dele. Até isso!