segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Is this love

Acho que nunca falei aqui como as músicas do Bob Marley me afetam. Não que afetem em suas letras, fortes e engajadas, não que afetem aquelas na qual ela narra seu amor por Martha Marley. Não é isso que me afeta nas músicas dele. Tenho afeto sim, pela liberdade musical do Bob, pela filosofia sonora que ele proporciona. É uma mistura de violência verbal com a paz espiritual, uma verdadeira miscigenação do profano e do sagrado. Eu adoro Bob Marley.

Penso em verdades as quais Bob escracha em suas músicas, como quando ele diz: “Until the color of a man's skin is of no more significance than the color of his eyes, me say war”. Que traduzindo para o bom português quer dizer que enquanto a cor da pele de um homem for mais importante que o brilho que ele tem no olho, haverá guerra. O que de mais puro pode haver do que isso?

Sim, puro. Essa é o adjetivo que melhor define o rei do reggae. Sei que haverá contestação nisso e sei que um ou outro gaiato vai gritar: “é um maconheiro esse Bob Marley”. Ao que eu replico, dizendo que quem de o pune ou o julga por isso, nada conhece do RastaFari e deve manter-se calado.

A tranquilidade está expressa diretamente nos reggae music que ele nos trás. Eu posso passar horas e horas sozinho, ouvindo suas belas canções e viajando, sem a ajuda de qualquer tipo de erva. Penso nas músicas do Bob como ele mesmo fez questão de dizer: “O reggae foi feito para se sentir. Se você não o sente, não o entende”.

As músicas do Bob Marley são libertadoras. São músicas que apaixonam, músicas que ternam, músicas que incitam, que excitam, que choram, que sorriem, as músicas do Bob Marley são exatamente iguais ao sentimento que tenho pela dona do meu coração.

Sentimento esse cuja profundidade há tempos já me perfurou a pele, e agora está ali, passeando pelos escaninhos do meu coração.
Como diz a música: “is this love, my brother, is this love”...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Milagre de Natal

Enquanto o Natal não chegava, ela esperava ansiosamente. Era agosto quando avisaram qual o presente que ganharia no dia festivo e desde então, não coubera em si tamanho o entusiasmo, sem dúvidas seria o melhor presente que ela receberia na vida.
Seu quarto, desde então, fora seu melhor amigo, nele refugiava-se isolada, já ensaiando as ações do presente que em breve chegaria. Imaginava companheiros, afinal de contas, tal qual seu presente, não estava sozinha ali, mais 32 pessoas estavam com ela, e isso a confortava.
Do quarto saia apenas para ir para a escola. Sua mãe já estava preocupada, desde que a filha soubera, ficara assim, diferente. Era normal, afinal de contas, não era um simples presente, era o melhor presente que ela receberia na vida, mas mesmo assim era preocupante.
Os dias passavam devagar, arrastando cada segundo. Cada hora alongava-se por uma eternidade, e por mais que houvesse em sua voz, segurança, no escaninho mais reservado de seu âmago, temia que fosse tarde, ou que o tempo parasse, e o presente não viesse mais.
Certo dia, na aula fizera um texto: “Meu Presente de Natal”, era o nome. Texto esse, que deixou claro para toda turma que ali estava uma sortuda, ninguém ganharia um presente como o dela. Jamais ganhariam, em tempo nenhum.
Já era novembro, os colegas haviam esquecido, mas em sua memória estava fresca a lembrança do Natal. Não aguentava mais a espera. Queria seu presente e queria agora. As lágrimas de fúrias, as lágrimas da espera, brotaram-lhe na face, mas com um simples afago e o seguinte dizer: “mais um mês, minha filha, mais um mês”, sua mãe a acalmou.

Dezembro chegou! Finalmente dezembro chegou. O dia 24 se fazia radiante e ela tremia enquanto esperava na porta o presente chegar.
A testa enrugada, as sobrancelhas baixas, demonstravam que a espera mais uma vez a irritava, mas aquele era um dia de alegria. Depois de muito tempo ele voltaria, depois de toda a espera, dali a minutos ele estaria ali.

O momento chegou. Ele cruzou a porta sozinho, não era o que ela esperava, estava mais magro, machucado, mas ainda assim abaixou-se e com um sorriso enorme no rosto a abriu os braços esperando que ela corresse e fosse o abraçar. Ela o fez. O abraço durou minutos, mas em sua essência equivaleu a todo o tempo de espera. Mais uma vez as lágrimas vieram. Dessa vez a inundaram a face, e a de seu presente.


Terminado o abraço, o presente a olhou fundo nos olhos e disse: “minha filha, que saudades!”.
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MILAGRE NO CHILE
Resgate previsto para o Natal
Ontem, os mineiros começaram a receber alimentos e remédios por um pequeno duto
Passada a euforia da descoberta de que estão vivos os 33 mineiros há 19 dias presos numa mina perto de Copiapó, no Norte do Chile, começa o longo período de resgate, que pode ser concluído perto do Natal.

Para manter os trabalhadores vivos e em bom estado de saúde até lá, começou ontem uma operação para enviar alimentos aos trabalhadores, que resistem a aproximadamente 700 metros abaixo da superfície, num ambiente sem luz a 33ºC.

O único ponto de contato dos mineiros com os socorristas é um pequeno duto, pelo qual foram enviadas, em um cilindro, pequenas doses de água junto a um medicamento para revestir o estômago e um manual de instruções para sua ingestão. Também serão enviados alimentos em forma de gel, junto a outros utensílios importantes, como lanternas e um pequeno equipamento de comunicação. Foi estabelecido um sistema de comunicação com o grupo, pelo qual se informou que todos os trabalhadores estão bem, com exceção de um que sofre de problemas estomacais.

“O processo de alimentação deve ser muito cuidadoso. Os produtos deverão ser enviados pouco a pouco”, explicou o ministro da Saúde, Jaime Mañalich.

Junto com o drama do confinamento está a longa tarefa da retirada do grupo. O coordenador das equipes de resgate, André Sougarret, informou que será utilizada uma máquina de perfuração vertical de origem sul-africana, similar à utilizada para fazer o pequeno duto de comunicação. (Zero Hora-25.08.10)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O profeta Eli

Estou intrigado com a popularização que tomou o fim do mundo. Tornou-se banal comentar que o mundo está no fim, que em 2012 tudo terminará, como disseram os maias. Hollywood é uma verdadeira nascente apocalíptica. Hoje em dia é mais comum se falar no fim do mundo, que fazer filmes sobre a Guerra do Vietnã. Todo mês eu olho um filme novo que termina com o mundo, ou coloca as pessoas em uma era pós moderna, remetendo apenas à existência e sobrevivência.

Chega a ser cômico pensar que os rumores sobre o fim do mundo podem ser certos e a cada dia que passa me conforto mais com a idéia. Em outra ocasião propus que terminássemos mesmo com o mundo, para que ao menos a história pós-nós ao menos fizesse referência de uma geração sem qualidades. Ainda que questionado e repudiado com tal opinião, continuo pensando assim, o fim chegará, cedo ou tarde, nos resta apenas saber se estaremos no passado quando chegar, ou se seremos contemporâneos ao fato.

Deveras me intriga a possibilidade de uma realidade arrebatadora. Se o mundo acabar, ou se a raça humana impura, ignóbil e débil, acabar, dela restará farelos e vestígio, sem dúvidas, afinal de contas sempre ouvi falar no ditado: “vaso ruim não quebra” e esses poucos 'afortunados', se verão ante a um duelo vital, o qual citei no começo desse texto: a luta pela sobrevivência.

Se restarmos após um explosão, um meteoro, uma guerra, um sopro do lobo mal, que seja voltaremos aos primórdios, onde o homem era nada mais que um selvagem em busca de alimento, água, reprodução e sobrevivência. Se restaremos será só isso. O fim de uma era e o reinício, baseado na falta de tudo.

Final de semana olhei mais um dos filmes que olho sobre o fim, chamado “O Livro de Eli”. Olhei mais pelo ator, Denzel Washington, que pelo filme. Não li a sinopse, não fiz nada, simplesmente quando se tem esse negro na capa, pode acreditar que o filme é bom. Sem dúvida um dos melhores atores do cinema mundial.
Mas não vem ao caso, o que interessa é que olhei o filme e gostei. É um filme que fala sobre o fim dos tempos após uma guerra e o rompimento (esse já anunciado) da camada de ozônio, levando o que restou da humanidade ao caos. No filme, Eli (Denzel) é o guardião de um livro disputado por poderosos dos novos tempos. Segundo todos, o livro contem um segredo arrebatador e que ensinaria a humanidade como viver.

No desenrolar da trama o livro revela-se a Bíblia, de fato contendo um segredo para o recomeço, afinal de contas, todos sabemos que a Bíblia "criou" o mundo pela primeira vez e aqui já expus que não sou um defensor da religião nem da igreja, mas concordo com o fato de a Bíblia iniciar um novo ciclo quando o quase fim chegar.

Há o valor sentimental e puro da Bíblia, que qualquer livro de auto ajuda não tem e nele pode estar presente, pelo menos, uma nova maneira de se começar. Uma nova maneira de se viver e de respeitar. Não gosto de religião, mas respeito à Bíblia e penso em suas verdades (que não vejo como muitas), porém, se o mundo as ouvissem, os tempos seriam melhores, sem dúvidas.

Coube a Denzel Washington, no filme, ser o Noé do dilúvio, e recomeçar, porém, dessa vez em busca de outros valores.

Meu blog não é crítico de cinema e todos sabem. Porém, a pouca inspiração levou-me a falar sobre esse filme. Pensei em escrever sobre ele, após ouvir uma frase proferida pelo Eli (já sou intimo), durante uma cena.
Uma jovem que nascera já na nova era, quando mundo não era mais verde, e as pessoas se matavam e grande canastrões comandavam os oprimidos, ou seja, quando o mundo era quase igual a hoje em dia, porém, sem hamburges e coca-cola, perguntou a ele como era o mundo antes e ele respondeu: “as pessoas tinham tudo a mais do que precisavam”.
Entre outras coisas, essa frase me chamou atenção e resolvi fazer esse texto só para expô-la.
Mais uma vez a proferirei, como um mantra, como uma benção, como um ensinamento, prestem todos atenção, vocês, dois ou três leitores do meu blog, quem sabe criemos um novo mundo daqui pra frente:

“AS PESSOAS TEM TUDO A MAIS DO QUE PRECISAM”

quinta-feira, 5 de agosto de 2010




Se eu fosse poeta, diria que a neve deslizou pelas paredes verticais celestiais, debruçando-se, então pelo verde, tornando-o branco e levando àqueles que a aguardavam, entusiasmo ou um pitada de esperança.
Não sou poeta e digo que nevou e quando lê-se em determinados lugares: Foto-divulgação Prefeitura de Gramado, entenda que o fotógrafo responsável fui eu.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A escola americana

Nem faz tanto tempo assim que saí do colégio. Lembro-me ainda de uma série de coisas dos meus tempos de aluno pouco comportado e muito comunicativo. Não lembro-me só do que eu fazia, lembro-me do que outros faziam e vez que outra me vem a memória coisas que marcaram minha passagem de muitos anos pelo Colégio Estadual Santos Dumont, onde estudei.

Não pouco efusivo que sempre fui, acabei por inúmeras vezes, diria que milhares, sendo repreendido por professores ferozes com seus apagadores empunhados, direcionando a mim o dedo em riste, e punindo-me com injúrias debeis, as quais em determinadas situações eu não conseguia defender-me. Outra vezes, porém, eu defendia-me e me saia tão bem que quem ficava com a voz embargada eram os professores. Mas que fique claro que eu nunca fui a voz ativa, apenas defendia-me. Professores são nervosos quando querem.

Os tempos de escola me despertam saudosismo, um dos muitos minutos de nostalgia que tenho, remetem-me a eles, quando posso afirmar que eu era feliz. Muito feliz, por sinal. Dos amigos tenho saudade e até de algumas matérias e outros professores que não os que me ameaçavam com sua arma característica, um ataque de apagador.
O que percebo atualmente é que não aproveitei os meus tempos de estudo aprazivelmente.

Livrei-me do conhecimento adquirido assim que saí da escola e despejei-no em um frasquinho vazio que tinha e resolvi que dali pra frente só alguma universidade me traria o conhecimento definitivo. Me arrependi.
Universidades até nos trazem conhecimento, se não fosse a estimada professora Evely, de Redação II e III, possivelmente eu nem estaria escrevendo esse texto. Ali aprendi a esmiuçar-me em um português um pouco mais rebuscado, ainda que -por culpa minha – não seja um belo português. E com a querida Evely aprendi a montar parágrafos corretos, esquecendo os rodeios e as enrolações. Aprendi a manter o foco em um assunto e não mudá-lo mesmo que minha mãe seja ameaçada.

Sim, de fato aprendi isso tudo com a Evely, aprendi mas não uso. Não uso e nesse texto mesmo não usarei, por que o assunto que tenho a falar é outro, e até aqui só enrolei, fiz rodeios e agora vou mudar o foco. Me desculpa Evely.

O fato é que da época do colégio me lembro de alguns malandrinhos que aproveitavam-se dos menores para conseguir coisas. Em inúmeros casos aproveitavam-se para safanar umas moedinhas, ou tomar-lhes o enroladinho de salsicha que tinham na mão. Sempre foi assim, maiores aproveitando-se dos menores. Hoje em dia isso é bullying, há cinco anos era safadeza.

Fato é que nada diferente disso faz o Tio Sam. Desde que tornou-se um poderoso país, os Estados Unidos da América usurpam dos menores, praticando bullying com os vietnamitas, com os iraquianos, com os afegãos, com os coreanos... como metade do mundo. Tudo começou com os infelizes pele vermelha, que tal qual no Brasil, é bom que se diga, foram excomungados de sua própria terra.

Petróleo, armas de destruição em massa,...resumidamente o poder. Sim, isso vale mais que moedinhas ou um enroladinho de salsicha, mas mesmo assim é exploração aos menores. Os Estados Unidos da América estupram terras cujos donos são mais vulneráveis. Digo mais, os Estados Unidos da América são sempre o professor com o apagador em punho, preparado para ameaçar o aluno. Vez que outra encontra resistências como a de Sadam Hussein, como a minha resistências no colégio. Ambos, Sadam e eu nos demos mal, ele na forca e eu, na maioria das vezes, na direção do colégio. O que fica de importante é que no fim das contas, dizem os jornais que as tropas americanas reduzirão em 20mil seu número no solo iraquiano, mas ainda assim permanecerão lá 50mil homens como segurança.

Quiçá os 50 mil homens que lá ficarão serão apenas os responsáveis pela ordem, por ouvir a voz do povo, por responder pelos anseios daquela gente. Pensando bem, quiçá os 50mil homens sejam o grêmio estudantil iraquiano.