segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O Roubo do Sofá (parte quatro)


Em maio de 2009 dei início a uma série de contos intituladas: “O Roubo do Sofá”, fiz três capítulos da história e a abandonei. Hoje resolvi dar continuidade à história cujo início se faz presente nesse humilde blog, através do link: http://ah-poiseh.blogspot.com/2009/05/o-roubo-do-sofa-parte-1.html
Se quiserem conferir, fico contente.


- Acontece, meu bom rapaz, que a Denise sempre foi uma invejosa. Não admitia que eu, por ser alemã, fosse melhor sambista do que ela, que é negra. Dizia que eu anabolizava-me e por isso tinha tanta resistência. Fato é que no carnaval de 1971, Arroio Teixeira fez uma festa de carnaval estrondosa, da qual eu fui a rainha. E Denise naquela ocasião tentou assassinar-me. Era uma ordinária bandida aquela neguinha- começou Tia Rosmarie.
Quando a confissão de uma tentativa de assassinato foi feita, todos embasbacaram-se na sala. Denise havia tentado homicidar a Tia Rosmarie e isso não era algo bacana. Seria Denise a culpada pelo roubo do precioso sofá?

Rosmarie não tomou conhecimento de nossas caras de pavor e seguiu:
-Não que eu tenha me abalado quando aquela safada botou limão na minha capirinha, mesmo sabendo o quão alérgica eu era à fruta referida e ainda por cima alegou ter esquecido-se do fato. Aqui pra ela - nesse momento Tia Rosmarie bateu com a palma da mão esquerda em um orifício que ela mesma havia feito com o dedo indicador e o dedão da mão direita, como quem diz “pissa pra ela”, ato esse que mostrou o quão Tia Rosmarie era safadinha.

Teixeira interviu:
-Eu lembro disso, mas se não me falha a memória, ficou comprovado que a senhora havia simulado um mau súbito e que na verdade nem era caipirinha que tomava e sim uma bela de uma cerveja preta, Tia Rosmarie.

-Teixeira, seu velho cretino. Não fale coisas que não sabe. Acusaram-me de ter simulado, mas só eu mesma sei o que passei por causa daquela velha medíocre. E quer saber mais, vocês não estão me ajudando em nada. Apenas estão revirando um passado doloroso para mim. Ponham-se daqui para fora- gritou a velha empunhando uma empoeirada espingarda de tiros de sal que jazia escorada na parede até então.
Saímos sem pestanejar, pois todos sabíamos que Tia Rosmarie não esbanjava sanidade.

Sem o depoimento preciso da Tia Rosmarie, não teríamos como resolver o caso. Nos restava agora ir atrás do relato da Dona Denise, que poderia dar contundência às nossas suspeitas de que ela poderia estar por trás do sucedido. Encaminhamo-nos ao bar e quando lá chegamos, avistamos Monalisa correndo velozmente praia a fora, sem que ao menos no olhasse.
O bar estava fechado, mas quando chegamos mais perto, encontramos um bilhete amassado e embebido em água e areia molhada. Hermenes, que até então pouco havia aparecido na história, abaixou-se vagarosamente para junta-lo e quando o fez, desdobrou o papel com a mesma calma que usava para galantear suas fêmeas. No papel havia os seguintes dizeres:

“Se querem pistas, vão ao casarão”

...escritas numa caligrafia sem vergonha.

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