quarta-feira, 25 de abril de 2012

Andando Sobre as Águas

Não dou grande atenção a detalhes e talvez esse seja um erro crasso ao qual me condeno todos os dias. O que acontece é que, justamente por isso, presto atenção num contexto geral das coisas e não em pequenos fatos isolados. Assim sendo, chamou-me a atenção uma frase que li e que foi proferida pelos lábios de um personagem histórico: “se meus inimigos me virem andando sobre as águas do rio Tâmisa, dirão que é por que não sei nadar”. Genial é o que é! Essa frase foi proferida pelas cordas vocais da Dama da Ferro Margareth Tatcher, Primeira Ministra Inglesa de 1979 a 1990, e sintetiza o que todos os inimigos pensam e dizem sobre seus rivais.


Tatcher era política e a política, como sabemos, é deveras rancorosa e despudorada. Na política é natural que se faça mais inimigos do que amigos, e são eles, os inimigos que dão o ritmo dos tambores sociais que tocarão durante uma campanha, embalando uma eleição, afinal de contas, são eles, os inimigos que nada mais tem a fazer a não ser acusar, com ou sem razão, é bom que se diga.



O que se sabe é que a frase da Dama de Ferro é estupenda para se dizer o mínimo, por que é justamente o que acontece com qualquer inimizade política. Eu gostaria de ser inimigo político de alguém, por que é fácil. É fácil por que as pessoas, talvez por uma necessidade natural, nunca estão contentes, e aí o tal do inimigo político apenas dá uma reforçada na insatisfação comum.



Quer um exemplo sem qualquer floreio? Um governante dinamiza o turismo, através de iniciativas variadas. Todos lucram, mas sentem-se satisfeitos? Claro que não, por que a lâmpada na frente da sua casa está queimada há mais de dois meses e ninguém a troca. Aí pronto, não mais há voto e menos ainda satisfação para com aquele governante.



Tenho notado que agora, nas vésperas das campanhas políticas, o oportunismo ganha corpo de forma descarada, e isso não é exclusivo em Gramado, e sim em todo o Brasil. Blogs, sites, colunas, rádios...há uma infinidade de espaço para se falar mal do que já se fez e tão pouco espaço destinado ao que está bom.



É fazendo essa análise que desencadeei nesses primeiros parágrafos que chego a uma questão crucial: não seria pouco moral um jornalista, no exercício de sua função pública que é a de fazer a notícia chegar até o leitor – e não sendo esse jornalista um assessor de imprensa – estar presente na alta cúpula de um partido político? Não perde credibilidade um a informação de um jornalista que sabidamente faz parte de um partido, principalmente quando esse mesmo jornalista apenas acusa e fala mal de um trabalho feito quando é sabido seu interesse oposicionista?

Me parece que sim, e em Gramado, se virem alguns governantes andando sobre as águas do Lago Joaquina Rita Bier, dirão que é por que ele não sabe nadar, ou por que há restos da estrutura do maior evento natalino do Brasil e que gera lucro para 90% dos moradores locais, espalhados nas margens do mesmo.



É meu amigo, talvez não prestar atenção nos detalhes me faça ver que num todo Gramado segue evoluindo constantemente e mesmo que a lâmpada da frente da minha casa não esteja acesa, eu consigo perceber que há muito mais em uma cidade do que o meu próprio umbigo.

3 comentários:

Michele Pupo disse...

Sempre deliciosos e reflexivos textos por aqui, Ricardo.

Estava saudosa deles.

Um beijo

Isa Bertolucci disse...

Ótimo texto, superação, parabéns!!

Ricardo Bertolucci Reginato disse...

Agradeço aos comentários.
Realmente ando sem tempo para minhas postagens, Michele, e também te devo algumas visitas. Peço perdão pela ausência e prometo que sempre que sobrar um tempinho me farei presente.

À Isa, tu é suspeita né, afinal de contas é minha mãe. hahaha. Obrigado mesmo assim.

Beijos