sábado, 5 de outubro de 2013

A perseguição




Outro dia resolvemos passear, minha cachorra e eu. Preparamos todos os paramentos necessários e fomo-nos desbravar duas quadras além da nossa. Era um dia como todos os outros, o sol brilhava longe, fazendo com que o frio se espalhasse pelo corpo, e os dentes levemente tilintassem, o que não era o bastante para impedir-nos, a mim e à Ágata, que é o nome da minha cachorra, de sairmos de casa buscando os prazeres que nos aguardavam um tanto mais pra lá.
Tão logo nossa jornada iniciou, ao que saímos de casa e subimos uma primeira lomba forte, buscando dessa forma o fortalecimento de nossas panturrilhas e o preparo para o que ainda estaria por vir, avistamos aquele que, sorrateiramente, seria o algoz de nosso passeio, de forma ameaçadora e fugaz. Percebi, através de um olhar apurado que estávamos sendo seguidos, por aquele exemplar masculino.
Surpreendeu-me ter meus passos seguidos por ele, com aquela envergadura um tanto miúda e atarracada, preto, certamente, e usando uma camisa xadrez, uma vez que aquela região sempre fora segura e tranquila. Contudo, aquela não era ocasião para surpresa e sim para ação.
Discretamente andando, tendo minha pequena cachorrinha ao lado, tramávamos um plano para evitá-lo, ou melhor dizendo, despistá-lo nas curvas que seguir-se-iam. Não houve tempo.
Quando demos os passos seguintes, percebemos que ele, com sua furtividade, aproximava-se rapidamente, ameaçando-nos através de sua assustadora presença. Era tarde e eu sabia que seríamos alcançados.
A Ágata tremia e procurava disfarçar, como sem nem tivesse visto o vilão dessa história, mas agora nada mais poderia ser feito, a não ser o que eu fiz:
Bati meus pés nos chão de forma frenética e esbravejei: “sai pra lá, jaguara”. Ao que aquele atarracado linguicinha macho, escapou-se, veloz, voltando para sua casa, cujo portão do terreno ainda estava aberto, aguardando o seu retorno.

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