sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Que vença o melhor


Leio agora, e já estou no segundo livro da série, a saga de Júlio
César. Esse mesmo que tu está pensando, o Júlio César, de Roma,
o Imperador. O livro, cujo nome, que por sinal faz sentido, é “O
Imperador”, e relata a vida de Júlio César e seu “grande
amigo”, Brutus, desde que ambos ainda eram pequenos seres que já
almejam um futuro brilhante nas famosas legiões romanas. O livro é
vivaz. E mais que vivaz, é eloquente, é um livro deveras
encantador, recomendado por um dos grandes mestres atuais da
literatura histórica, Bernard Cornwell, e escrito por outro grande
talento, chamado Conn Igulden.
Quando peguei o livro na mão – o primeiro da série, com o
subtítulo “Os Portões de Roma” - esperava um livro com batalhas
sangrentas, sendo desenhadas por estratégias estarrecedoras,
precedentes à essas mesmas batalhas. Enganei-me. Conheci um livro
muito mais mágico do que isso, um livro que não é apenas um relato
de guerra, é sim, um relato de vida. A vida de um homem vitorioso. É
bem verdade que ainda estou no segundo livro da série que vai até o
quinto livro, ou seja, me faltam mais de três livros ainda, mas
todos sabemos que Júlio César foi um vencedor.
Dentro do livro, como de costume, não é apenas a história
principal que me chama atenção, e sim, algumas abstrações dela.
Alguns pormenores, que a olhos desacostumados poderiam passar por
despercebidos. Esse pormenor, chama-se política, ou ainda, chama-se
corrupção política. Sim!, senhoras e senhores, a corrupção
política já estava incrustada no âmago dos seres humanos viventes
naquela ocasião. Seres humanos esses, claro, poderosos, os
senadores, como eram chamados naquela época, e seguem sendo chamados
até hoje. Eram esses que acumulavam o poder em suas mãos, e em
alguns momentos eram coordenados, por aqueles que tinham um círculo
de “amigos” maior do que o outro. Era simples, aquele que
tivesse mais senadores ao seu lado, e comandasse uma legião mais
numerosa e mais poderosa, concentraria boa parte do poder da nação.
Foi assim com Mário, e foi assim com Sila, dois grandes generais
que comandaram Roma por algum tempo, e o livro fala de ambos. Mário
com carinho, Sila com um desprezo respeitoso.
Lendo esse livro, pego-me pensando como aquela italianada, sentada
com suas túnicas alvas, rodeada por paredes de metros e metros de
comprimento, com os tetos sustentados por grande pilares
arredondados, em uma sala redonda, em formato de funil, decidia o
futuro de todas as coisas de Roma. O futuro da nação mais poderosa
daqueles tempos. E ali, naquele Senado, havia corruptos.
A troca de favores, por exemplo, estava ali, impregnada nas entranhas
do Senado. Lá pelas tantas o livro conta, como três senadores
diferentes puseram um dos personagens no poder, graças a favores
devidos a uma terceira pessoa. Além disso, quanto mais dinheiro se
tinha naquela época, mais poder se tinha também, ou seja, senadores
milionários, detinham boa parte do poder. Sendo assim, quanto mais
dinheiro se tinha, mais fácil era de conseguir os seus objetivos. O
poder era concentrado nas mãos de quem tinha dinheiro, tal qual
acontece hoje em dia. O poder não está com quem luta melhor, ou com
quem tem as melhores ideias, o poder está com quem tem dinheiro para
comprá-lo, e por sucessão, comprar outras pessoas. Pagar a elas
para que comunguem com suas ideias. A fortuna é a maior fonte de
poder desde a Roma antiga, até a Brasília atual.
É por isso, exatamente por isso, que eu defendo um Campeonato
Brasileiro com mata-mata, pois nessa fórmula de pontos corridos, os
privilegiados são os times que tem maior poder econômico, e que
mantém um plantel suficientemente grande para suprir as lesões de
seus principais atletas, ou daqueles que tem dinheiro para ter em seu
elenco grandes fenômenos do futebol mundial.
Esqueceu-se do romantismo. Esqueceu-se daquele jogo onde vencia o
melhor, onde um pequeno time, como Figueirense, Atlético Paranaense,
ou ainda grandes times sem tanto investimento assim, como Grêmio e
Internacional, pudiam vencer. Não vence mais aquele tem mais força,
ou mais talento.
Faço votos para que um novo Júlio César, dessa vez à frente da
CBF, ou do Clube dos 13, apareça e mostre que a vitória vai muito
além do dinheiro, ela deve passar pelo talento, pela inteligência,
e claro, desmentir a ideia de que o dinheiro pode comprar tudo,
inclusive um título do Campeonato Brasileiro.

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