terça-feira, 23 de agosto de 2011

Tele-entrega



Sempre há uma mulher. Inegavelmente, sempre há uma mulher. Qualquer história contada, e que, por ventura, se preze, deve no mínimo conter seis pares: um de peitos, um de coxas e outro de nádegas. Na grande maioria das vezes, a mulher envolvida na história é exuberante, e nessa história não será diferente, há uma mulher. Digo mais, há uma bela mulher, e que como toda bela mulher, será responsável pela derrota de um ou outro portador de bagos. É assim, mulheres podem nos levar ao sucesso e ao fracasso em um simples rebolar. (autor desconhecido)

- Capítulo primeiro -
Os primeiros passos de um negócio arriscado


- Um puteiro! Essa é a ideia. Há tantas e tantas belas mulheres dispostas a ganhar quinhentinhos em tão pouco tempo. Uma hora, uma dança, uma transa. Não mais do que isso. Quinhentos pra ela, dez por centro pra nós. O que acham? - começou o Preto, logo após molhar suavemente os lábios no copo com dois dedos de uísque e uma só pedra de gelo.
- Arriscado – sibilou o Freitas logo de cara – me parece muito arriscado. O que falarão de nós? Que somos putanheiros, e que temos nosso sustento no sexo.
- É provável que digam, muito embora, todos os homens e um punhado de mulheres sejam sempre guiados pelo sexo, seremos taxados dessa forma – avaliou sobriamente, como sempre, o Dimitri.

Ali, na mesa descascada de lata vermelha, com o emblema da Brahma, do bar onde sempre se reuniram, na pequena cidade de Azul Anis, os três amigos, verdes no ramo empresarial, davam as primeiras cartadas almejando encontrar o sucesso profissional e financeiro.

- E se fossem acompanhantes? - sugeriu o Preto.
- Acompanhante, não dá. A cidade é muito pequena- remendou Freitas.
- E se fizermos só “tele-entrega” de profissionais do sexo? - finalizou mais uma vez sabiamente o Dimitri.
Assim que Dimitri proferiu a última frase, analisou os olhos estalados dos amigos, e entendeu que havia dado a ideia final. A ideia que seria seguida a risca por seus companheiros do novo empreendimento.
E foi o que aconteceu. Os três terminaram os últimos goles, cada qual em seu próprio copo de uísque, e definiram. A manhã do dia seguinte seria quando rumariam ao banco para pedir um empréstimo, em seguida, iriam à capital, prometendo mundos e fundos, para uma ou outra moça que encontrassem em uma casa de sacanagem de alguma certa qualidade.

O banco foi sensível. Mais especificamente, o Cleiton do banco, que todos diziam ter a mulher mais feia e mais rica de toda a Azul Anis, foi sensível com a causa dos nobres garotos, e lhes concedeu um gordo empréstimo, ao saber do destino daquele dinheiro.

- Não me gasta a guria de começo, que eu quero ser o desvirginador dela aqui em Azul Anis – declarou com seus óculos meia lua, pendurados na ponta do nariz, e olhando por cima deles a cada um dos três rapazes, enquanto os jovens assinavam toda a papelada.
- Sempre que quiser, terás uma bela noite, Sr. Cleiton, e a primeira por nossa conta – respondeu-lhe o Freitas.

Naquela tarde o dinheiro já estava na conta, e dentro do corsinha do Preto, os três rumavam para a capital do Estado.
Foi lá que conheceram Laurinha, e o desastre começou.

Continua...

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