Outro dia
resolvemos passear, minha cachorra e eu. Preparamos todos os
paramentos necessários e fomo-nos desbravar duas quadras além da
nossa. Era um dia como todos os outros, o sol brilhava longe, fazendo
com que o frio se espalhasse pelo corpo, e os dentes levemente
tilintassem, o que não era o bastante para impedir-nos, a mim e à
Ágata, que é o nome da minha cachorra, de sairmos de casa buscando
os prazeres que nos aguardavam um tanto mais pra lá.
Tão logo
nossa jornada iniciou, ao que saímos de casa e subimos uma primeira
lomba forte, buscando dessa forma o fortalecimento de nossas
panturrilhas e o preparo para o que ainda estaria por vir, avistamos
aquele que, sorrateiramente, seria o algoz de nosso passeio, de forma
ameaçadora e fugaz. Percebi, através de um olhar apurado que
estávamos sendo seguidos, por aquele exemplar masculino.
Surpreendeu-me
ter meus passos seguidos por ele, com aquela envergadura um tanto
miúda e atarracada, preto, certamente, e usando uma camisa xadrez,
uma vez que aquela região sempre fora segura e tranquila. Contudo,
aquela não era ocasião para surpresa e sim para ação.
Discretamente
andando, tendo minha pequena cachorrinha ao lado, tramávamos um
plano para evitá-lo, ou melhor dizendo, despistá-lo nas curvas que
seguir-se-iam. Não houve tempo.
Quando
demos os passos seguintes, percebemos que ele, com sua furtividade,
aproximava-se rapidamente, ameaçando-nos através de sua assustadora
presença. Era tarde e eu sabia que seríamos alcançados.
A Ágata
tremia e procurava disfarçar, como sem nem tivesse visto o vilão
dessa história, mas agora nada mais poderia ser feito, a não ser o
que eu fiz:
Bati meus
pés nos chão de forma frenética e esbravejei: “sai pra lá,
jaguara”. Ao que aquele atarracado linguicinha macho, escapou-se,
veloz, voltando para sua casa, cujo portão do terreno ainda estava
aberto, aguardando o seu retorno.
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