quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O Fabuloso Mundo do Eumesmo

Na tentativa de livrar-se daquilo, ela vivia em terceira pessoa, deixando sua alma vagar pelos mais diversos confins, pensando que, ao imaginar-se Emma Bovary esconder-se-ia de si mesma dentro do único refúgio disponível e que jamais seria penetrado: sua mente.
Aquela mente imaginativa, toda cheia de muros, barreiras e portadora de um mundo único, impenetrável, o mundo do eumesmo. “Eis aí um lugar bom para se estar, o fabuloso mundo do eumesmo”, pensava enquanto violavam-na, enquanto execram-na de maneira débil, frívola e libidinosa.
Queria estar a vida toda naquele mundo alegre de seus próprios pensamentos, da sua própria concentração, seu mundo singular. Ali, dirimiam-se dúvidas, esvaíam-se sentimentos de ódio, de dor...a dor que lhe fulgurava o corpo, ali nem sequer existia. Estava sozinha ali, ou acompanhada por seres mágicos, seres que, diferentemente de todos os humanos que conhecia, eram bons.


Nenhum comentário: