Lembro como se fosse ontem. Lá estava eu, no quarto ano do ensino fundamental, quando a professora decretou que aquele era um dia especial, naquele dia iríamos trabalhar a lógica. “Lógica?! Que diabos era a lógica?”, lembro-me de ter pensado. E a professora começou com aquelas brincadeiras de fósforos, palitinhos e o escambau, fazendo-nos exercer nosso raciocínio, e sim, usar a lógica.
Eu fui
mal, envergonho-me em dizer. Não conseguia formar malditos quadrados
com aqueles palitos de fósforo que ela havia disposto sobre a minha
mesa, e a tarefa era essa. Simplesmente eu tinha que forma quadrados
com aqueles palitos safardanas e não conseguia. Senti-me frustrado,
logo eu que sempre fora articulado, conversador e cujos boletins
sempre continham uma pequena observação: “Mãe! O Ricardo é um
bom aluno, muito inteligente e comunicativo, porém, pode render
muito mais se não conversar tanto durante a aula”.
Ali, percebi que estava fadado a uma luta constante. De um lado eu, que agora ostento meu 1m82cm, e 75kg e do outro a famigerada lógica. Uma guerra de proporções homéricas se formara ali, e eu soube, ainda no quarto ano do ensino fundamental que eu teria de vencer.
Ali, percebi que estava fadado a uma luta constante. De um lado eu, que agora ostento meu 1m82cm, e 75kg e do outro a famigerada lógica. Uma guerra de proporções homéricas se formara ali, e eu soube, ainda no quarto ano do ensino fundamental que eu teria de vencer.
Cresci um
tanto, e resolvi arriscar-me no xadrez. Até que fui razoável. Venci
um campeonato disputado entre umas 12 pessoas no ensino médio, e
justamente quando o xadrez se popularizou na escola. Tarefa árdua,
mas eu venci. Como tu sabe, o xadrez é lógica pura, aliado é
claro, à estratégia e raciocínio. Eu sabia: havia vencido a
primeira batalha, mas não a guerra.
Desisti
do xadrez, depois de ser derrotado de todas as formas possíveis pelo
meu pai, e me arrisquei em outras formas de lógica. Sudoku, aquele
joguinho japonês, sabe? Descobri que sou péssimo em sudoku, entende
o por que? Lógica, camarada, o sudoku é lógica clara e
manifestadamente.
Depois
que saí da escola, resolvi buscar uma profissão que não envolvesse
lógica, nem estatística, nem qualquer coisa que o valha.
Abriguei-me na comunicação, e claro, a lógica precisa estar
presente na comunicação, mas não tão efetivamente quanto estaria
na engenharia.
E foi
justo no meu ambiente de trabalho que outro dia eu sugeri que
poderíamos fazer um amigo secreto entre três pessoas, ao passo que
um gaiato qualquer gritou: “é lógico que não podemos fazer, pois
um vai saber quem pegou o outro”. Era lógico mesmo. Mas que
desagradável essa lógica.
Agora eu
converso com amigos, leio nos jornais, olho televisão, ouço nas
rádios, participo de debates, e todos falam: não dá, o Grêmio já
era. O Palmeiras é franco favorito, venceu por dois a zero dentro do
Olímpico e agora só um milagre salva o Grêmio.
Alguém
até comentou que era uma questão de lógica. Aí sim eu me irritei,
levantei, bati na mesa do bar em que estávamos e falei:
“Lógica?! Que diabos é a lógica?!”
Eu acredito no Grêmio!
“Lógica?! Que diabos é a lógica?!”
Eu acredito no Grêmio!
2 comentários:
Tchê, PARABÉNS ficou excelente seu texto. E para completar...EU ACREDITO #3x1 TRICOLOR
Cara, sempre que venho aqui me supreendo com teus textos, é lógico.
Mesmo não sendo gremista e, admito, ter torcido pelo fracasso do coirmão, digo que tudo pode acontecer nessa noite.
Espero que dê a lógica, mas temo que ela falhe. =P
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