Então há boatos de que
o Brasil acordou. Veja só que novidade, uma país absorto em sua malemolência e
de tradicional comodismo resolveu sair do coma e caminhar rumo ao progresso,
enchendo o coração dos patriotas de orgulho e emoção. Não há quem não valha-se
do sentimento nacionalista e saia às ruas, e vista-se de verde e amarelo, use a
máscara do V, poste nas redes sociais seu descontentamento ante ao aumento das
passagens do transporte público, à repressão, à corrupção, à violência, aos problemas do trânsito, às falhas na educação pública, à ausência de saúde
pública...ao que mais?
É preciso exaltar a
audácia e coragem de um povo que resolveu retirar as nádegas da poltrona e
pintar-se com as cores do Brasil. Resolveu dizer que está cheio disso, cheio
daquilo e supercheio daquele outro, mas aí é que eu encontro o erro. Ao que se
está manifestando?
No país do Carnaval,
vejo que até os protestos estão transformando-se em um. Não se sabe mais qual o
foco da revolução, qual o motivo do motim. Se há uma manifestação e se ela quer
legitimidade, digam ao governo sobre o que se protesta. Mantenham um foco e
valham-se dele para fazer valer os seus direitos, por que só assim, saber-se-á
qual a vontade popular.
Enquanto houver gente
defendendo as causas homossexuais, gente ofendendo a corrupção, gente pregando
um país melhor educado, gente pedindo um SUS de qualidade, um movimento de
proporção homérica vai ficar apenas no figurado, sem valer-se do literal.
Apoio e louvo as
manifestações. Precisamos de pessoas que saiam as ruas bradando sua revolta,
pois assim acontece em muitos países de alto índice de desenvolvimento. É só
sabendo como a população pensa, que governantes podem efetivamente trabalhar por
ela, mas proponho que exista um foco.
Enquanto não houver um
foco, o Brasil seguirá sendo o que hoje é, um país confuso, cheio de problemas,
capenga, carente, frágil e muito em função de algo que se vê nos protestos
populares que hoje saem as ruas: cada um só pensa no seu umbigo, cada um só quer
protestar pelo que lhe convém.
Proponho assim o fim
do individualismo e o começo de uma era onde protestemos todos, de uma vez só,
por um Brasil melhor, e por um problema de cada vez.
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