segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Uma História Saudosista

Acabo de olhar um dos melhores filmes já produzidos. Os créditos ainda rolam na tela de minha televisão e meus olhos estão marejados por lágrimas que só não caíram de forte que eu sou, e que sou homem, e homem não chora.
Eu me considero um cara esperto. Não, talvez esperto não seja a palavra. Inteligente, quem sabe. O fato é que mesmo considerando-me alguém com um pouco de conhecimento sobre uma ou outra coisa, e já tendo lido livros e mais livros e visto filmes e mais filmes, o filme que acabo de ver, e que tanto me tocou chama-se “Rei Leão”. Sim, esse mesmo Rei Leão que tu estás pensando, do Mufasa, Simba, Scar ( aquele safado), Timão, Pumba e cia Ltda. Esse é um dos melhores filmes que já olhei em toda a minha vida.
Explico o por que. Filmes são sentimentos, são pequenos preenchedores de espaços vazios que temos na nossa alma. Filmes são sensações das mais variadas em uma mesma história. Filmes não necessariamente precisam ser inteligentes para que sejam geniais. A genialidade por vezes se esconde nos pequenos atos, e nos mais singelos personagens.
O Rei Leão me preenche um espaço vazio da alma, pois me remete há longos 17 anos, quando eu ainda era uma pequena criança, trocando palavras e fazendo manha para ganhar um kinder ovo. O Rei Leão, desperta em mim um sentimento assaz saudosista, que me lembra do quão feliz eu era, e do quão rapidamente as coisas mudaram. Me lembra que eu cresci e que o tempo, invariavelmente apenas avança e jamais, absolutamente jamais retrocede.
Sendo ou não um filme feito em 1994, indicado ou não indicado para crianças, o Rei Leão é uma história arrebatadora. Não se pode usar qualquer expressão diferente de arrebatadora para predicar este filme, que ao longo dos tempos veio adquirindo fãs que cresceram junto com o Simba, junto com a Nala, e despejaram lágrimas, como as que me preenchem os olhos agora, ao lembrar da desolante morte de Mufasa. Um filme de qualidade nos mexe os sentimentos. Desperta as mais variadas reações, sejam elas positivas ou negativas, e ai, não importa se a história é criada por Beckett, ou é uma produção dos estúdios Disney, tudo se transforma e recebe apenas duas definições: bom ou ruim.
O Rei Leão é bom. É muito bom. É um filme que me faz pensar apenas coisas boas. Me faz pensar no quanto nós, crianças dos anos de 1990, divertíamo-nos sem internet, I Phone, I Pad, I Pod...sem qualquer criação da Apple. Como éramos felizes tendo o pouco que fosse. Vivíamos numa fase iluminada, onde pega-pega, e arminhas de água eram as verdadeiras brincadeiras. Sagrávamo-nos campeões do torneio de duplinhas de futebol no meio da rua, com quatro tijolos como goleira. Fazíamos tudo isso, e quando chovia, olhávamos Rei Leão, Blink Bill – esse não tão famoso, mas mesmo assim eu era fã -, ou ainda Bernardo e Bianca. Sim, nós crianças dos anos 1990 fazíamos coisas de criança, por mais absurdo que possa parecer. Não olhávamos Big Brother, embora pareça surrealismo, e o que de mais tecnológico tínhamos era um relógio, em casos extremos, para que soubéssemos a hora de voltar para casa.Os tempos mudaram, e com ele mudaram as crianças que não mais brincam no pátio de casa, não mais usam arminhas de água, em muitos casos não respeitam seus pais, e por último, e muito mais grave do que qualquer outra coisa que possa acontecer a uma criança da geração Z, elas não sabem quem é o Simba, menos ainda que o Scar é um safado.

14 comentários:

Michele Pupo disse...

Também sou saudosista, Ricardo. Sinto falta da inocência da infância e de alguns sentimentos que muita gente desconhece, como ternura e afeto.
O texto me agradou pela sensibilidade.

Um abraço

ASObr Admin disse...

Será que preciso dizer o quanto essa história se encaixa com minha infância? O Rei Leão foi, e sempre será, o melhor filme da minha vida, talvez por eu ter assistido mais de 100 vezes e saber de cor todas as falas, ou talvez por ter, simplesmente, me feito chorar a morte do Mufasa em todas as 100 vezes que o assisti. E melhor do que isso, me feito sorrir muito ao ver Simba subindo a pedra do rei e trazer de volta a paz a todos os animais.

E sim, o Scar é um safado.

Abração, meu caro, baita texto, como sempre.

Ricardo Bertolucci Reginato disse...

Michele!
De fato, é normal termos sentimentos assim, afinal de contas, como eu falo no texto, o tempo não volta. Isso é trsite, e ver no que foi transformada a infância atual.
Obrigado Michele.
Beijos

Ricardo Bertolucci Reginato disse...

Fredi!
Nossa infância é praticamente a mesma, né meu querido, talvez seja por isso que tenhamos essa amizade tão duradoura.
O Rei Leão é um marco de nossa juventude, e assim sendo é natural que não o abandonemos quando aumentamos de tamanho.

Valeu, meu velho.
Grande abraço

ASObr Admin disse...

Sem dúvida, de canos quebrados a boas lembranças, nossa infância se passou em conjunto mesmo. hehehe

E essa amizade, sem dúvida alguma, será eterna, como o filme.

Grande abraço.

Marco Henrique Strauss disse...

Cara, eu sei que ando meio sumido daqui, mas quem sabe logo eu faça um texto que seja bom de ler como esse que acabo de prestigiar. Eu sempre tive esse lance também do tipo "como as coisas estão mudando"...e pra te falar a verdade eu sou tipo o Joey do Friends, não gosto de mudanças. Se as coisas estão boas, gosto que fiquem como estão. No entanto mudanças vem para nos melhorar (mesmo que não pareça, sempre de alguma forma nos melhoram). Eu do risada quando meu sobrinho não sabe quem são OS BATUTINHAS! Mas essa é a vida. Quando eu era menor, cansava de ouvir meu pai falando: na minha infância a gente não tinha essa mordomia. A gente fazia brinquedo com madeira, e assim era. Agora é nossa época de falar esse tipo de coisa. Mas só sei de uma coisa, a época que nós vivemos foi boa mesmo, tem tantas coisas que nos remetem há tempos atrás, e é por isso que me felicito com minhas lembranças. Se eu tiver um filho? Vou fazer ele aproveitar tudo como eu aproveitei, quiçá até mais. E deve ser bom contar as nossas histórias de infância, aquele castigo, aquele filme, o futebol, como "pelávamos" ou éramos "pelados" no jogo de tazo...ótimo texto. Tá difícil, minha cabeça tá voltada para outras coisas nos últimos tempos, mas sempre é bom estar por aqui e ler bons textos assim. Abraço

Ricardo Bertolucci Reginato disse...

Grande Marcão!
De fato andas desaparecido do blog (por que no futebolzinho de terça estamos sempre, né :p). Mas saiba que és sempre bem vindo aqui.
Cara, a verdade é essa, há mudança sempre, e é natural que seja assim. Fizemos coisas que nossos pais não fizeram e nossos filhos farão coisas que nós não fizemos.
A transformação do ser humano.
Cara, te agradeço pelos elogios, e fico no aguardo de novas postagens do amigo, para que eu possa retribuir a visita.

Abração

Rebeca Coelho disse...

Ricardinho!!!
PARABÉNS!! Baita escritor!
Teu texto relata a infância de muitos de nós, e realmente nos deixa muita saudade e pena de não ver a atual infância com bons momentos como tivemos!
Lindo texto!!
Bjooo

Ricardo Bertolucci Reginato disse...

Po Rebeca!
Que bom que chegaste até aqui.
Te agradeço muito pelo elogio.
É verdade, a infância desses jovens que hoje tem vinte e poucos anos foi incrível, com muitas coisas boas e outras nem tanto, o fato é que com certeza ela deixa saudade em todos nós.
Beijos e seja bem vinda.

Rodrigo "Pudim" Barbacovi disse...

Ao meu ver, Scar foi o pior vilão da história!E cara, uma coisa que tu deixou de comentar sobre a velha infância, foi o de jogar taco! Esporte olímpico em quase todo veraneio infantil!

Ricardo Bertolucci Reginato disse...

Hahaha. É verdade Rodrigo, o Scar é um dos vilões que mais me repugna até hoje. Hahaha
E quanto ao jogo de taco, só digo uma coisa: mais duas pra trás e entrega os tacos.
hahahaha
Abracinhos

Júnior Ghesla disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Júnior Ghesla disse...

É impressionante como a infância é carregada de um sentimento imensuravelmente nostálgico, a partir do momento em que a deixamos pra trás. E impressionante também é como nos identificamos com quem conta histórias da própria infância. Parabéns Ricardo, baita texto!

Ricardo Bertolucci Reginato disse...

Fala Júnior!
Cumpriste a promessa hein rapaz. Hahah.
Cara, eu não sei se é assim com todos, mas eu sou absolutamento nostálgico. Se campeares no meu blog, verás que em uns cinco ou seis textos eu trato de minha juventude, e sempre lembrando dela com saudade. É assim, damos valor às coisas assim que as perdemos, mas a vida segue. haha.

Valeu pelo comentário e pelo elogio.
Abração