Há tempos que o meu pai não conta mais a história do velho e o remédio; é boa aquela história, eu gosto de ouvi-la, aliás, meu pai tem boas histórias, mas a do velho e o remédio tem algo especial, me parece que o misticismo que a cerca é que é fantasioso e mexe com a minha imaginação. Jura o meu pai que a história é real, mas ele sempre jura que as histórias são reais, de qualquer forma relatarei-a:
Meu pai sofria de uma enfermidade qualquer, porém, que assolava-lhe as entranhas e o estava prejudicando deveras. Médicos não conseguiam definir com analises qual era o problema do meu progenitor. Exames e mais exames foram feitos e o meu pai nada descobria. A dor acertava-lhe o fígado, ou algum outro órgão qualquer.
Meu pai é um homem de viagens, está sempre em algum outro estado ou país, trabalhando. Numa dessas viagens tudo aconteceu.
Era na Argentina, ou no Uruguai, não tenho certeza, mas meu pai recolheu-se em seu leito do hotel, para descansar após o dia repleto de labuta. A dor tornava-se lancinante enquanto meu pai cerrava os olhos deitado em sua cama. Algo de ruim estava acontecendo.
Eis que meu pai tentando fugir da dor, concentrou-se nos sons ambientes e ao longe entonavam-se os toctocs de um sapato nos corredores do hotel. O toctoc foi se aproximando até avizinhar-se e chegar acompanhado de um outro “toc-toc”, dessa vez uma mão batendo na porta do quarto que meu pai estava.
“Quem será a essa hora de noite?”, pensou meu pai aturdido. Mesmo assim, ergue-se da cama e rumou em direção à porta. Ao abri-la, deparou-se com um senhor barbudo, com um ar místico portanto uma maleta. Antes de meu pai pensar em perguntar-lhe quem ele era e o que queria o nobre mago lhe falou:
- Mi amigo, Ricardo (somos homônimos, meu pai e eu). Yo vaya a ayudarle. Trago conmigo una poccion que te curará. Beba esta noche y vay a estar bien. - disse ele entregando a maleta a meu pai, que embasbacado a recebeu e deixou o velho partir sem nada conseguir dizer.
Ricardo Pai, em princípio não tomou conhecimento do que o velho lhe dissera e tornou a deitar-se, ainda sentindo dor, porém, conseguiu adormecer e um sonho veio-lhe a mente.
Meu bisavô, ou seja, o vô do meu pai e pai do meu vô, que já estava falecido há uns bons anos, dizia-lhe para aceitar o remédio que ele tinha mandando para meu pai. Que só assim ele esse curaria. O sonho tomou proporções surreais e meu pai acordou suando frio.
Logo saltou da cama abriu a maleta, empunhou o frasco da poção e tascou um único gole, seco, acabando com seu conteúdo. Feito isso, voltou a dormir e a dor nunca mais o incomodou.
Essa história não tem muita relação com nada de humano, afinal de contas é uma história tomada pelo mágico, pelo inacreditável, mesmo que, segundo meu pai, ela seja completamente verídica. Mas é impressionante o quão a alma humana sofre influência do subconsciente. Meu pai ouviu seu vô em sonho e tomou a poção do velho mago, que o curou. Me parece coisa psicológica, mas não sei bem o por que.
Eu por exemplo, sonhei na última noite com umas casa cujos números eu lembrava-me mesmo de manhã, após acordar. Eram quatro números, porém, duas dezenas e eu logo pensei: “vou jogar na Mega Sena”.
Joguei, e perdi. Acertei apenas duas dezenas. Adivinha quais foram?
4 comentários:
Hahahaha! E eu, que fiz minha escolha dos números, porém não joguei. Ganhei, ou melhor deixei de perder o dinheiro da aposta. hahahaha
Bom texto rapaz.
Sabe que depois de inúmeras jogatinas, começo a questionar a veracidade da loteria, Marcão?
Embora eu tenha mais uma vez jogado em número os quais sonhei, e mais uma vez acertado dois deles.
Gostei da história :D
Quais??? =S
Sabe, pude imaginar o seu Ricardão contando a história, naquele jeitão dele.. hhahaha
Como sempre, mt boa a trama.
Abraços
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