Capítulo 3
A velha cabana
A casa da Tia Rosmarie era esquisita, não que fosse mal decorada, não era, porém, alguma coisa por ali era estranha, maus fluídos, quem sabe, ou apenas fluídos, alguma coisa não dava conta da normalidade. Ninguém nunca tinha entrado na casa da Tia Rosmarie para conversar, a casa dela era um segredo de estado, mais um dos tantos que habitam a mágica, proibitiva e surpreendente Arroio Teixeira.
Diversas fotos antigas circundavam as paredes, que eram de madeira, algo que lembrasse o rústico, mas não propositadamente, era o tempo (e os cupins) corroendo a madeira. O chão coberto de todos os mais variados tipos de tapete, onde instalamo-nos, na sala, o tapete era vermelho, com um xis preto, bem no meio, as pontas do xis estavam embaixo dos diversos sofás que a sala dispunha.
Tia Rosmarie estava desesperada, soluçava, balbuciava palavras indecifráveis, tal qual uma criança que aprendera a falar há cinco dias. Começamos, não com um motivo, menos ainda com eficácia, um interrogatório. O velho Teixeira começou, levemente embriagado:
- Rosmarie. Não é de hoje que conheço a senhora – Teixeira nesse momento rondou seu olhar pela sala, descontraiu-se, sua face era de pavor, quando retomou o assunto – aliás, Rosmarie, percebo o quanto estamos velhos. Há muitos e muitos anos que eu te conheço. Um velho não se deixa enganar com a facilidade de um jovem, já fui tolo Rose, se me permite, e saiba que aprendi com isso, portanto, farei perguntas e quero pura e simplesmente respostas.
Tia Rosmarie voltara subitamente a realidade e olhava para Teixeira com um ar assombrado, perplexa eu diria. Proferiu: - Teixeira, eu fui assaltada, não sou a suspeita.
Todo o ar de superioridade que Teixeira havia imposto na pergunta anterior, se desfez, a expressão confiante tornou-se instantaneamente desacorçoada e ele então defendeu-se com a frase que até hoje não me sai do pensamento. Um argumento inteligente, uma escapada triunfal, era esguio o Teixeira: - Ah, pois é – disse ele.
Interrompi o papo tão produtivo que tinham Teixeira e Rosmarie, começando a prestar maior atenção a detalhes da casa, e ai, não tive dúvida do quão nazista era Rosmarie. O junco que constituía o roda forro era todo marcado com pequenas suásticas. Diversas fotos de Hitler se espalhavam na velha cabana.
Seria possível que vi aquilo? Não, não seria. SIM, seria. É, eu vi aquilo. Meu deus, Tia Rosmarie abraçada a Hitler em uma foto.
- Rosmarie, todos sabemos, e aqui dentro, temos ainda mais certeza do quão a senhora é uma, por assim dizer, admiradora nazista. Todos sabemos também, que a dona Denise, uma senhora negra, quase que retinta, as senhoras nunca tiveram nenhum tipo de desavença? – perguntei.
- Meu rapaz, desavença nunca houve. Ela simplesmente não gosta de mim, são os fatos. Muito embora, em uma certa vez, tivemos uma pequena rixa, mas creio eu que já superada por ambas a partes.
Que rixa seria aquela? Teria motivado o grotesco roubo do sofá? Dona Denise seria capaz de cometer tal atrocidade? Descubra nos próximos capítulos.
2 comentários:
Tá esquentandoo... continua que to no aguardo... tá muito bom, velho... Abraços!
OPAAAA
Booooaaa Ricardinho!!
Tá ficando interessante essa história, e ainda deixou com um gosto de quero mais no final...
Continua assim xirú véio...
Falow
PS: Mas não te acomoda, ainda dá pra melhorar...
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