A Guerra de Canudos é famosa no Brasil. Uma guerra de brasileiros contra brasileiros, como era de se esperar. E como era de se esperar mais uma vez, quem perdeu foram os brasileiros. Mas os brasileiros de verdade, aqueles que sofrem, gritam, trabalham duro, são honestos. Esses perderam a guerra, se é que se pode dizer que em uma guerra há vencedores. Pois então, os brasileiros fajutos venceram a guerra, tanto quanto se pode vencer.
É bem verdade que o fanatismo sócio-religioso nunca foi meu favorito, mas há de se louvar qualquer iniciativa que travasse conflitos e impusesse seu ponto de vista, ainda que menos favorecido, ao comando do Brasil naquela época. Aliás acho louvável qualquer demonstração de força de vontade, que vá as ruas e brade, nem que seja o grito dos fãs de Star Wars bradando aos quatro cantos que Luck Skywalker (assim que se escreve?) deve ocupar um lugar na academia brasileira de letras. Mas enfim, é necessário que se proteste contra ou a favor do que se luta.
A Bahia há muito é um país com o desenvolvimento quase nulo e era contra isso que lutavam os combatentes de Antônio Conselheiro, o líder da revolução e espécie de Jesus Cristo baiano, que pregava uma salvação através de um milagre que a todos os “sertanejos” salvaria. Mas baseava-se também em voltar os olhos do governo para aquele lugar miserável, e alertar que ali havia seres humanos também.
Como era de se esperar, a revolução não deu certo e mais de 20mil baianos guerreiros morreram. Os que não morreram, de lá fugiram, levando o pouco que tinham, ou nada. Rumaram, até onde se sabe, para o Rio de Janeiro, em maioria, dando origem a lugares que hoje em dia constantemente aparecem na televisão. Lugares de vegetação vasta, moradas coletivas, condomínios alheios às praias e o luxo carioca. São chamadas hoje de favelas.
A primeira favela conhecido do Rio de Janeiro, e dizem ser a primeira formada naquele local, é de total responsabilidade dos flagelados de canudos, que a batizaram favela por ser formada em um local coberto por favelas (uma planta). Em seguida, o morro passou a ser chamado de “Morro da Providência”, e até hoje existe.
Outro dia vi na televisão imagens do Morro da Providência, que me chamaram a atenção. Eram sinais de balas, perfurando paredes nas casas daquele local. O que mostra que Canudos não é tão coisa do passado assim. A guerra segue presente naquele povo e de novo guerra de brasileiros contra brasileiros. Dessa vez nada contra um regime ditador ou imperialista, dessa vez, pura e simplesmente pela violência, pelo comando, pela covardia.
Se história do Brasil tivesse sido escrita sem tanto sangue, e quem sabe com mais tinta de caneta, ou nanquim, a realidade seria outra hoje em dia. A culpa é clara e manifestadamente daqueles que colonizaram nosso país. É fácil e cômodo atualmente dizer que só por que a televisão mostra imagens fortes e tiros vindouros do alto do morro, que são eles o culpados pela desgraça e pela depredação do país no qual vivemos. Mas se olharmos o passado, veremos que desde o começo essa gente perdeu a guerra, e continua tentando vencê-la desde então.
Li num texto do David Coimbra que os outros fundadores das favelas foram os negros escravos, assim que tiveram sua abolição (pra lá de tardia) assinada, foram largados à sua própria sorte, com o currículo maculado pelo depravamento dos contratantes, não dos contratados. Esse negros, não tinham onde morar, e adotaram cortiços para instalarem-se, porém, após a reforma urbanística a qual o Rio de Janeiro foi submetido, esse mesmos cortiços foram extintos, e destruídos, restando aos negros, nada. Daí em diante, a solução foi ocupar os morros das encostas cariocas, utilizando-se de material da construção, os destroços saqueados dos próprios cortiços que eles antes habitavam.
Portanto, mais uma vez se nota que o fracasso daquela gente era iminente e se confirmou.
Ouço hoje em dia profecias e até estudos dizendo que o mundo sobreviverá até 2012 e só. Não duvido disso, ao pé que vão as coisas, é provável que antes ele acabe. O que é certo, é que para aquela gente, baianos, escravos, negros, Antônios, profetas, messias, revolucionários, loucos, bandidos, todos eles, para essas pessoas o mundo acabou logo no seu começo, ou logo que o Brasil, começou e ser Brasil.
terça-feira, 27 de abril de 2010
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Língua dos deuses
Os gregos antigos acreditavam na sua própria mitologia. Dezenas de deuses planavam pelo Monte Olimpo. Chamam-na de mitologia grega, por sinal e creio que o nome seja adequado, analisando os fatos.
Tenho curiosidade em saber quem dizia que os deuses eram deuses. Se de repente havia um setor de RH e uma psicóloga formada fazia a seleção de emprego. Os deuses eram contratados a partir de um currículo bem formulado, no qual exaltavam principalmente sua beleza e suas qualidades mór, como no caso da Afrodite, a sensualidade. Mas eu bem acho que rolava um nepotismo descarado nessa histórinha toda. Exemplo é o Hércules, que só por que era um playboyzinho filho do Zeus, ganhou até seriado transmitido no SBT, além do cargo de semi Deus. Duvido que, por exemplo, o filho do Sarney vá ter algum seriado algum dia. Esses deuses eram bem safadinhos.
Cheguei a mencionar o número incontável de deuses que habitavam o Monte Olimpo, transformando-o numa espécie de Morro do Alemão para os deuses, um quase cortiço inundado pelo deus do feijão, do funcho e do sabão em pó. E acho bárbaro na literatura antiga – e que fique claro que eu gosto muito da mitologia – é que os deuses em si – e isso inclui a Bíblia – conversam com seus súditos. Batem papo, jogam canastra e dominó, tal qual fossem amigos de boteco. Por que hoje em dia isso não mais acontece?
As pessoas passaram a respeitar deuses (ou no singular) e teme-los. Não se adora o que se tem medo. Não se exalta o que te amedronta. E aí eis um erro comunal. Não mais se conversa com deuses, apenas se agradece e se pede, de forma direta e sucinta.
Vulcões, terremotos, tsunames, enchentes, furacões. Se conversássemos com deus, talvez saberíamos de tudo. Como Noé pode saber do dilúvio e os moradores da Morro do Bumba não? Me parece injusto. Quem sabe é Ele (o próprio deus) que não quer mais papo. Somos chatos. Aliás, somos muito chatos, fazendo sempre o mesmo. Comprando, roubando, vendendo, morrendo, matando, amando, desamando. Nossa vida é um gerúndio de possibilidades, sempre no presente mas tão coisa do passado. A gente é retrô e deus já viu isso.
E o Inri Cristo, por que não nos avisa nada? Ah, isso me deixa muito brabo. Não é possível que ele não saiba. Se ele é mesmo filho do Homem, ele tem que saber. Pais e filhos conversam, nem que seja para brigar. Duvido que deus não tenha enrijecido o dedo e o posto na face o Inri dizendo: “tu não me aparece mais em casa com esse gente (nós, humanos), pois da próxima eu vou tocar o terror e a terra vai tremer”. O Inri é que não entendeu que deus não usa figurativo. Ele fez a Terra tremer.
Com ou sem Inri, nós não entendemos as palavras Dele, ou deles, se forem gregos, e esse é um problema, pois se deus fala mesmo haramaico, ou qualquer coisa do gênero, eu não entenderia de qualquer forma. Mal e mal conheço o português. Falando grego então, pior ainda. Aqui eu sugiro um curso de português, ou inglês que é a língua universal aos deuses. Rápido e prático, e aí sim, está tudo certo, não precisaremos mais de terremotos ou vulcões para entende-los, apenas um tradutor, quando muito.
Deuses gregos, finlandeses, croatas, americanos (americanos acho que não), e até brasileiros devem existir. O que me resta é saber a qual deles apelar. Viu, viu. Se não fosse a Torre de Babel, nada disso teria acontecido. A culpa no final de tudo, nem foi nossa e agora nós pagamos o pato.
Então que vocês todos aí em cima se reúnam, e democraticamente escolham o seu líder. Aí sim nós teremos com quem conversar. Peço apenas que seu líder fale português, ou também nem sei se é tão necessário assim, afinal, o líder que escolhemos para nos representar aqui no Brasil também não fala.
Tenho curiosidade em saber quem dizia que os deuses eram deuses. Se de repente havia um setor de RH e uma psicóloga formada fazia a seleção de emprego. Os deuses eram contratados a partir de um currículo bem formulado, no qual exaltavam principalmente sua beleza e suas qualidades mór, como no caso da Afrodite, a sensualidade. Mas eu bem acho que rolava um nepotismo descarado nessa histórinha toda. Exemplo é o Hércules, que só por que era um playboyzinho filho do Zeus, ganhou até seriado transmitido no SBT, além do cargo de semi Deus. Duvido que, por exemplo, o filho do Sarney vá ter algum seriado algum dia. Esses deuses eram bem safadinhos.
Cheguei a mencionar o número incontável de deuses que habitavam o Monte Olimpo, transformando-o numa espécie de Morro do Alemão para os deuses, um quase cortiço inundado pelo deus do feijão, do funcho e do sabão em pó. E acho bárbaro na literatura antiga – e que fique claro que eu gosto muito da mitologia – é que os deuses em si – e isso inclui a Bíblia – conversam com seus súditos. Batem papo, jogam canastra e dominó, tal qual fossem amigos de boteco. Por que hoje em dia isso não mais acontece?
As pessoas passaram a respeitar deuses (ou no singular) e teme-los. Não se adora o que se tem medo. Não se exalta o que te amedronta. E aí eis um erro comunal. Não mais se conversa com deuses, apenas se agradece e se pede, de forma direta e sucinta.
Vulcões, terremotos, tsunames, enchentes, furacões. Se conversássemos com deus, talvez saberíamos de tudo. Como Noé pode saber do dilúvio e os moradores da Morro do Bumba não? Me parece injusto. Quem sabe é Ele (o próprio deus) que não quer mais papo. Somos chatos. Aliás, somos muito chatos, fazendo sempre o mesmo. Comprando, roubando, vendendo, morrendo, matando, amando, desamando. Nossa vida é um gerúndio de possibilidades, sempre no presente mas tão coisa do passado. A gente é retrô e deus já viu isso.
E o Inri Cristo, por que não nos avisa nada? Ah, isso me deixa muito brabo. Não é possível que ele não saiba. Se ele é mesmo filho do Homem, ele tem que saber. Pais e filhos conversam, nem que seja para brigar. Duvido que deus não tenha enrijecido o dedo e o posto na face o Inri dizendo: “tu não me aparece mais em casa com esse gente (nós, humanos), pois da próxima eu vou tocar o terror e a terra vai tremer”. O Inri é que não entendeu que deus não usa figurativo. Ele fez a Terra tremer.
Com ou sem Inri, nós não entendemos as palavras Dele, ou deles, se forem gregos, e esse é um problema, pois se deus fala mesmo haramaico, ou qualquer coisa do gênero, eu não entenderia de qualquer forma. Mal e mal conheço o português. Falando grego então, pior ainda. Aqui eu sugiro um curso de português, ou inglês que é a língua universal aos deuses. Rápido e prático, e aí sim, está tudo certo, não precisaremos mais de terremotos ou vulcões para entende-los, apenas um tradutor, quando muito.
Deuses gregos, finlandeses, croatas, americanos (americanos acho que não), e até brasileiros devem existir. O que me resta é saber a qual deles apelar. Viu, viu. Se não fosse a Torre de Babel, nada disso teria acontecido. A culpa no final de tudo, nem foi nossa e agora nós pagamos o pato.
Então que vocês todos aí em cima se reúnam, e democraticamente escolham o seu líder. Aí sim nós teremos com quem conversar. Peço apenas que seu líder fale português, ou também nem sei se é tão necessário assim, afinal, o líder que escolhemos para nos representar aqui no Brasil também não fala.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Paredes jamais falarão
Falassem as paredes eu não mais teria juízo. Falassem como falam as pessoas a desgraça total chegaria. Dissessem metade do que sabem não mais seriam paredes e fofoqueiras seria seu nome.
Paredes sabem, elas veem. Não falam. Nunca falarão, não enquanto eu viver. Apenas o que me guia é minha consciência, não as paredes.
O que gosto nelas e quando digo nelas me refiro às paredes, é que permanecem estáticas em meio a tudo. Não se mexem e nem respiram, mesmo vendo - e elas veem, - as cenas mais sórdidas e mais sacanas que alguém pode ver. Portanto, sabe-se que paredes não falam e jamais falarão.
Ninguém que saiba tantos segredos os manteria tanto tempo como os são, ou seja, sendo segredos. Lá em casa mesmo, meu amigo, se as paredes falassem, é provável que eu já estaria preso.
Embora coisas que supostamente só as paredes sabem, vez que outra perdem-se em meio às bocas populares. Isso sim é coisa que não explico. Aliás, nem eu...nem as paredes.
Paredes sabem, elas veem. Não falam. Nunca falarão, não enquanto eu viver. Apenas o que me guia é minha consciência, não as paredes.
O que gosto nelas e quando digo nelas me refiro às paredes, é que permanecem estáticas em meio a tudo. Não se mexem e nem respiram, mesmo vendo - e elas veem, - as cenas mais sórdidas e mais sacanas que alguém pode ver. Portanto, sabe-se que paredes não falam e jamais falarão.
Ninguém que saiba tantos segredos os manteria tanto tempo como os são, ou seja, sendo segredos. Lá em casa mesmo, meu amigo, se as paredes falassem, é provável que eu já estaria preso.
Embora coisas que supostamente só as paredes sabem, vez que outra perdem-se em meio às bocas populares. Isso sim é coisa que não explico. Aliás, nem eu...nem as paredes.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
A Fogosa Alessandra (Maria Helena)
Parte três
Fosse o que fosse, aquele não poderia ser chamado de um dia normal. É bem verdade que começou normalmente, mas o Armando pressentia o ataque, sabia que o destino preparava-lhe uma cilada. Seu sexto sentido nunca o deixara na mão e não seria diferente desta vez. Só esperava saber de que lado vinha o golpe. E ele veio do lado mais surreal, mais inesperado, do lado que Armando jamais poderia imaginar. Veio do lado moreno, doce e cândido, do lado angelical, veio de Alessandra.
-Armandinho! Lembra aquela noite em que fizemos loucuras com o segurança do condomínio,o Sidi? Aquele afro descenden“tesão”, que você mesmo apelidou assim? - perguntou descaradamente sarcástica a Alessandra.
-Hã... lembro sim, meu amor, mas poderíamos deixar essa história pra lá, né? Faço tudo por ti, mas aquela foi uma exceção, e o Sidi de fato era excedido em tudo , né amor.
-Ah pois é. Pois então vou deixar uma coisa bem clara pra ti. Fiz dezenas de fotos tuas com ele. Dezenas. Ou seja, tenho provas irrefutáveis de que o garanhão de empresa é de fato um homossexual enrustido.
- O que tu quer dizer, Lele? Tu não faria isso. Jamais mostraria fotos minhas nessa situação. Só fiz o que fiz pra te agradar.
-Meu querido, vamos a uma breve regressão no tempo; lembra em meados de 98, eu tinha 17 anos tu estava se formando na universidade e eu acabava de ingressar no me curso.
- Não lembro de ter conhecido qualquer Alessandra que fosse.
- O nome Maria Helena te diz algo?
Armando empalideceu. Sim o nome dizia algo, aliás, o nome dizia tudo, tudo o que ele não queria lembrar. A voz de Armando engasgou. Estagnou no movimento que iniciaria e feito uma estátua derrubada pela força de um furacão, tombou. Desacordado, com o coração saltando-lhe pela boca.
Acordou no hospital, zonzo, porém, quando a memória lhe fez questão de tornar as coisas piores do que já estavam, lembrou-se do acontecido. “Não é possível. Maria Helena! O que farei? É o fim da minha vida sexual”, pensou.
O que terá Armando feito à pobre Maria Helena para que a vingança da moça seja tão arrebatadora? Terá Sidi, se apaixonado por Armando? Descubra tudo no próximo capítulo de : “A Fogosa Alessandra”.
Fosse o que fosse, aquele não poderia ser chamado de um dia normal. É bem verdade que começou normalmente, mas o Armando pressentia o ataque, sabia que o destino preparava-lhe uma cilada. Seu sexto sentido nunca o deixara na mão e não seria diferente desta vez. Só esperava saber de que lado vinha o golpe. E ele veio do lado mais surreal, mais inesperado, do lado que Armando jamais poderia imaginar. Veio do lado moreno, doce e cândido, do lado angelical, veio de Alessandra.
-Armandinho! Lembra aquela noite em que fizemos loucuras com o segurança do condomínio,o Sidi? Aquele afro descenden“tesão”, que você mesmo apelidou assim? - perguntou descaradamente sarcástica a Alessandra.
-Hã... lembro sim, meu amor, mas poderíamos deixar essa história pra lá, né? Faço tudo por ti, mas aquela foi uma exceção, e o Sidi de fato era excedido em tudo , né amor.
-Ah pois é. Pois então vou deixar uma coisa bem clara pra ti. Fiz dezenas de fotos tuas com ele. Dezenas. Ou seja, tenho provas irrefutáveis de que o garanhão de empresa é de fato um homossexual enrustido.
- O que tu quer dizer, Lele? Tu não faria isso. Jamais mostraria fotos minhas nessa situação. Só fiz o que fiz pra te agradar.
-Meu querido, vamos a uma breve regressão no tempo; lembra em meados de 98, eu tinha 17 anos tu estava se formando na universidade e eu acabava de ingressar no me curso.
- Não lembro de ter conhecido qualquer Alessandra que fosse.
- O nome Maria Helena te diz algo?
Armando empalideceu. Sim o nome dizia algo, aliás, o nome dizia tudo, tudo o que ele não queria lembrar. A voz de Armando engasgou. Estagnou no movimento que iniciaria e feito uma estátua derrubada pela força de um furacão, tombou. Desacordado, com o coração saltando-lhe pela boca.
Acordou no hospital, zonzo, porém, quando a memória lhe fez questão de tornar as coisas piores do que já estavam, lembrou-se do acontecido. “Não é possível. Maria Helena! O que farei? É o fim da minha vida sexual”, pensou.
O que terá Armando feito à pobre Maria Helena para que a vingança da moça seja tão arrebatadora? Terá Sidi, se apaixonado por Armando? Descubra tudo no próximo capítulo de : “A Fogosa Alessandra”.
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