Sentia-se tentado toda e qualquer vez que ela passasse por ele. Fosse o cheiro suave como flor do campo, fosse a cintura a qual podia agarrar com uma só mão. Quem sabe fosse o cabelo que com ou sem vento, por mágica esvoaçava. Sabe-se que de fato ela lhe tirava o folego, a atenção, excitava-lhe e em uma ocasião quase tomara-lhe a família.
Era assim a Patrícia, que todos sabiam ser uma ladra de corações e derrubadora de lares, mas Claudinei pensou: “Ah não!, Comigo não”. Pensou errado o Claudinei, e o pessoal da empresa todo parou quando ela foi até a sala dele.
Claudinei era novo na empresa, havia duas semanas tinha começado, pois já sabia bem da fama da Patrícia. Patrícia foi levar um café até ele e o tempo parou, tal qual seu queixo onde a baba quase escorria. Ele sabia, sim, sabia que ela era arisca, mas não sabia que um contato direto com aquela mulher poderia o perturbar tanto: “uma ladra de corações”, logo resumiu. Esboçou uma conversa, porém, a voz embargou e ele ficou ali, estaqueado, tentando por força destravar a fala. Não conseguiu.
Patrícia saiu da sala, ele demorou alguns minutos para voltar ao normal.
Nas duas semanas seguintes, Claudinei ensaiava conversas com Patrícia, coisa que até então não havia acontecido. A moça aproximava-se e como por um feitiço, ele travava, era batata. Certa feita, ele a enxergou cruzando o corredor, suave como o vento, vinha se aproximando cada vez mais, ele suava. Ela andava, ele suava, ela andava, ele suava. Ela entrou, ele engasgou:
- Olá seu Claudinei, o senhor está passando bem?
- C...cla..claro, claro. Per...per...perfeitamente bem.
- Ainda bem, o senhor me parece tão jovem e tão saudável, que me sentiria tão mal se algo lhe acontece. Acho que o senhor ainda tem muito pique.
- Pi...pique, claro, tenho sim.
- Gostaria de testar.
- Testar c...c...c...como?
- Sexo.
A vista de Claudeinei escureceu, e ele só recobrou os sentidos quando estava em cima de mesa de sua sala, com dezenas de pessoas ao seu redor, abanando-lhe, e prestando os primeiros socorros. A primeira coisa que viu quando acordou, foi Patrícia com o decote bem acima do seus olhos, assoprando-lhe o rosto.
Claudinei pediu transferência da sua empresa, foi para outra cidade dizendo apenas a frase: “Minha família não”.
Chegou na empresa e não sabe por que, mas quando a via sentia-se tentado toda e qualquer vez que ela passasse por ele. Fosse o cheiro suave como flor do campo, fosse a cintura a qual podia agarrar com uma só mão. Quem sabe fosse o cabelo que com ou sem vento, por mágica esvoaçava. Sabe-se que de fato ela lhe tirava o folego, a atenção, excitava-lhe e em uma ocasião quase tomara-lhe a família.
Quando ela entrou na sua sala, ele pareceu conhecer aquela voz:
- Seu Claudinei, minha irmã, Patrícia me falou muito bem do senhor.
Claudinei se aposentou por invalidez, após o segundo infarto em menos de duas semanas.