segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Acabe com o mundo você também

Gosto do passado, isso não é novidade. Gosto da história que alguém já viveu, e pode contar para os outros. Sinto-me um tanto impotente perante a isso, pois não tenho história à contar, ou a minha história não pode ser contada. Fato esse, que não condiz só a mim, é uma virtude própria da juventude. Virtude que falo em um sentido irônico da palavra, uma vez que de virtude essa virtude não tem nada, sacas? Pois bem, essa virtude, que não é virtude e sim defeito, é característica de nós jovens. A 'virtude da inutilidade'.

Se eu pensar, coisa que ainda faço, é simples comparar situações e estabelecer um critério único. Ninguém faz o que tem de ser feito, hoje em dia. Não que só os jovens sejam nulos, mas a atualidade também é. Digo, é possível que não se retrate em livros de história que um presidente semi analfabeto pudesse ser um fhürer, ou coisa parecida. Claro, que não nos faz falta um ditador tal qual Hitler, mas é difícil imaginar que Lula bradasse para uma multidão ensandecida, com seus quatro dedos ao ar, gritos que a convocassem para um guerra iminente e prevalecida, e o pior, fazer essa multidão acreditar que a guerra era por um bom motivo. Imagino (ou tento imaginar), Lula, com seu português rebuscado, gritando a plenos pulmões.




Claro, é melhor não imaginarmos uma nova ditadura, uma vez que caso houvesse, não teríamos força para tirar do poder aqueles que lá estariam. Dúvida? Pense. Há alguns anos, cerca de 40, houve força jovem suficiente, senão para deter um governo ditatorial, para opor-se a ele, e aposto o que quiserem comigo, que a juventude atual não faria igual, ah não faria. É provável, claro, que em um duelo de vídeo game, ganhássemos com uma significativa vantagem, porém, política, não é o nosso forte.


Bem verdade que a política atual não nos gera interesse, a menos que se queira cultivar bastas e sedosas bigodeiras, para gerar, além de revolta em toda a comunidade (não só pelo bigode), um cargo vitalício na presidência do Senado Federal, que por mais maculado que seja, ainda assim continua límpido e cristalino aos olhos de quem manda.
Como que desatinadamente, me vem à mente mais alguns resquícios do que aprendi na escola, e penso nas mais estonteantes invenções ou atos solenes. Seria possível que um de nós (se inclua nessa), ganhasse um Nobel da Paz, por levantar-se perante à atrocidades sem o uso de uma arma sequer? Refiro-me ao que nos passado fez Mahatma Gandhi. Confesso que não sei da história dele o que de fato gostaria de saber, mas o mínimo que sei, me faz afirmar que não, nenhum de nós faria igual. Ao passo que a maior revolução que faremos é para os nossos filhos, ou seja, acabar com a água no mundo, quiçá, com um pouco de sorte acabaremos inclusive com o mundo.
Isso, achei a solução mais fácil para todo o nosso problema de impotência, que não confunde-se com a sexual, uma vez que quanto a isso, nós jovens temos fôlego suficiente, mas sim nossa impotência perante ao que deve ser feito pelo mundo. Não faremos o que se deve. e na minha solução proponho que acabemos com o mundo propositalmente. Explico minha teoria da salvação da tal forma: ao compasso que andam a coisa, de clara regressão, se nós não conseguirmos destruir o mundo, gerações futuras o farão, e tomarão os nossos méritos. Caso consigamos acabar com todo um planeta, aí sim, pode anotar, caso haja vida inteligente em outros planetas, dentro de alguns anos, estaremos todos, sem exceção, nos livros de história.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A chinchila do mal

Uma vez conheci uma chinchila do mal. Pouca gente sabe o quanto uma chinchila pode ser cruel. Alguns ainda, não sabem o que é uma chinchila, quem dirá que pode ser maligna. O fato é que existem sim chinchilas tocadas pelo dedo do belzebu e uma delas, eu conheci.
Trabalhei uma época da minha vida, em uma criação de chinchila. E foi lá que me encontrei com o satã de pelo macio e carinha de coelho. Nunca na minha vida fui tão ridicularizado por alguém, o “Mal” (como a chamarei agora) fez de mim gato e sapato.

Era uma manhã nublada, eu alimentava solitário os mais de três mil roedores que ciciavam seus dentinhos na saborosa ração que lhes oferecia. Todos estavam fagueiras, animadas com a ceia do dia. Uma não. Cabe aqui a repetição da frase: Uma não!
Passei por ela, e vi nos seus olhos o ódio, ela carregava naqueles olinhos arregalados, tanta raiva quanto uma chinchila pode carregar. Tudo começou quando eu lhe entreguei inocentemente sua porção de ração do dia, em seguida à olhei, contemplando a reação de felicidade que deveria brotar naquele focinho peludo. Não brotou,ao contrário, a partir daquele momento meu martírio começou.
Sabe-se lá como, a maldita desvencilhou-se das grades que a separavam do mundo, sorrateira que era, me tomou muito esforço. Por horas eu à persegui, desesperado, afinal o animal sozinho me custaria um mês de salário. Corri em círculos por pouco mais de meia hora, quando ela desapareceu. O Mal.

Atônito eu continuava as buscas que julgava inúteis, uma vez que meu fracasso era quase um fato consumado, ficaria sem a chinchila, sem salário, mas minha dignidade aquele monstro não tomaria de mim, não me entregaria sem lutar.
A manhã passou, a tarde se fez e depois da tarde, a noite, a madrugada adentrou e eu ali, de tocaia, o animal não ia vencer assim. Estava atento a qualquer movimento, um simples balançar de papel me ressaltaria e dessa forma o Mal não triunfaria. O sono veio, e tal qual o Mal me venceu.

Acordei, segunda-feira, quando minha colega, que trabalhava coincidentemente em segundas-feiras, me cutucou com a ponta do sapato. - Que tu estás fazendo atirado aí? – perguntou-me - Esperando o Mal chegar – lhe respondi.
- Muito bem, se tu estás drogado, pouco me interessa, o fato é que achei essa chinchila esperando ao lado da porta quando cheguei, sabe me dizer por que não a capturou? Olha a carinha de assustada dela, coitadinha.
Aquela cena não me sai da memória, olhei o animal, procurei o olhar da coitadinha, mas não encontrei, naqueles olhos castanhos, só existia o mal.

sábado, 8 de agosto de 2009

A incrível história da arma imaginária

Lendo uma notícia na última semana, convenço-me de que o ser humano não poupa esforços quando tenta ser estúpido. Temos um cérebro pensante, capaz de raciocinar, quiçá o único ser pensante do mundo sejamos nós, embora eu desconfie muito dos macacos. Todavia, determinadas criaturas humanas não tomam conhecimento do seu cérebro e apelam para a ignorância associativa.

Senão, vejamos: Uma americana, após roubar um automóvel, pôs-se a continuar sua saga legionária e adentrar à uma loja anunciando estar armada. Até ai tudo bem. Os planos da americana foram frustados ao flagrarem o figurino utilizado pela suposta ladra, para efetuar o crime:um biquine.

Após os vendedores da loja alegarem que a moça não apresentava espaço reservado onde coubesse um arma, ela foi presa. Pergunto-me então, o que ela teria dito após questionarem onde ela escondia a arma. Alguma situações me vem a mente.




Situação 1:

- Você não tem onde esconder uma arma – diz o vendedor

A moça o olha, atônita que está, tem pouco tempo para dar-lhe uma resposta convincente, ou isso ou vai presa. Após alguns segundo de silêncio ela grita:
- Tu não conhece a minha vulva! Tu não conhece a minha vulva!


Ainda que a resposta seja espirituosa e a moça não seja completamente desprezível, é pouco provável que algum vivente ousasse procurar a “arma” do crime.


Situação 2:
-Eu to com a arma na mão, mas só os inteligentes podem ver.


Na pior das hipóteses ela seria detida e encaminhada a um hospital próprio destinado a doentes mentais.




Caberia um dia, ou uma tarde para analisar mais algumas possibilidades, contudo, todas as analises me fazem chegar ao ponto que citei antes, os macacos, se já não nos passaram no raciocínio, estão muito próximos, muito próximos.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Querida história, perdoai-nos

Conheci Pelotas. Não conhecia Pelotas, verdade. Não sou o que se possa denominar de um viajante. Viajo quando posso, não quando me convém, se assim fosse, seria um viajante. Não trato com vergonha esse desconhecimento meu, de uma cidade histórica do Rio Grande do Sul. O que me inclino a afirmar, é que gostei de Pelotas.

Tem-se uma sensação de estranha nostalgia quando cruza-se a ponte imperial, talvez a minha imaginação, que quando pouca pode ser chamada de fértil, transpassa o cotidiano e remeta-me ao passado. Imaginei-me, acenando ao imperador que cruzava a ponte, conduzido em uma carruagem imperial, afinal, imperadores usam carruagens imperiais, suponho, do decorrer de séculos passados.
Conheci ruas estreitas, que não fossem os carros, todos os malditos carros que as habitavam e circulavam tal qual imponentes carruagens imperiais, eu diria que voltei ao século XVIII, mas não voltei. E essa nostalgia inexplicável, de algo que eu não vivi é que me chama a atenção, mais adiante à explicarei.

Não que Pelotas seja um exemplo de civilização, não é. Mas não pela história que a circunda, sim pelo desinteresse com que aquilo tudo é tratado. Não só pelo poder público, como também pela população. Levantaria o dedo, se pudesse, e um protesto pela história, em nome da história, apoiado pela história, diria: “Que encerrem aqui as pichações”!

Não cabe a mim, que nada sou, tomar medidas de protesto. Não conheço aquela realidade, quicá haja até motivo para as pichações, embora não acredite nisso. O que alego, é que talvez, a nostalgia que senti, é a dos tempos melhores, dos tempos que não vivi, é claro, mas se os tivesse vivido, teria gostado, e como teria.

O passado me conforta, talvez não pelo que de fato aconteceu, mas me parece que tudo o que passou é sempre melhor. É instintivo do ser humano pensar que tudo o que aconteceu poderia ter sido melhor, e é nisso que penso, se tivesse vivido em mil oitocentos e alguma coisa, teria sido o imperador? É provável que não. Nasci num tempo diferente, o que faz de mim, parte de uma nova geração. Sou da geração que não viveu a história. Da geração que em sua maioria desconhece a história. E o pior de tudo, sou da geração que depreda e história.

Constrangimento, é o que me resta. Peço perdão àqueles que viveram naqueles tempos. Peço perdão aos que tentaram manter a história viva até hoje. Desculpem-me, em nome da minha geração desavergonhada.